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Como reduzir a emissão de metano na pecuária?

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Mesmo que seja uma parcela reduzida, a emissão de metano pela pecuária precisa ser diminuída. Para isso, adotar medidas para intensificar esse trabalho é essencial.

A atividade pecuária tem um papel de grande relevância para a nossa economia. Ela gera empregos e é protagonista para alimentar a crescente população mundial. No entanto, este é um setor caracterizado pela elevada emissão de metano.

O gás metano (CH4), naturalmente emitido pelos bovinos durante a fermentação entérica do processo digestivo, é considerado um dos responsáveis pelo aquecimento global. 

Exatamente por isso, muitas são as pesquisas e estratégias que permitem a redução da emissão do metano na pecuária e tornam o sistema muito mais sustentável.

Impactos das emissões de metano na pecuária brasileira

O metano (CH4) é o principal contribuinte para a formação do ozônio ao nível do solo, conhecido como um poluente perigoso do ar e causador do aquecimento global e efeito estufa.

Neste contexto, a emissão de metano pelos ruminantes é responsável por cerca de 22% deste gás na atmosfera, constituindo a terceira maior fonte em escala global.

No entanto, para Sergio Raposo de Medeiros, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, o maior impacto das emissões de metano na pecuária vai muito além da emissão em si.

O maior impacto dentro deste cenário é a percepção pelos cidadãos que a redução de consumo dos produtos da pecuária bovina é uma boa alternativa para reduzir os gases de efeito estufa (GEE), o que realmente precisamos fazer”, diz. 

A questão é que, como o Brasil é um dos maiores emissores de GEE e o metano proveniente da pecuária é 60% das emissões, dá a impressão que há grande possibilidade de redução. 

Mas, na realidade, apesar do Brasil estar entre os maiores emissores, sua contribuição para a emissão global de GEE é próxima dos 3%. 

Como a agropecuária é menos de 1/4 desse total, isso significa que, se as 200 milhões de cabeças de bovinos no Brasil desaparecessem num passo de mágica, a redução em termos globais seria bem menor do que apenas 1%”, indica. 

É claro que esse valor não é desprezível, pois há países que não emitem isso. Mas, para Medeiros, a sociedade precisa reconhecer que o grande problema está no carbono gerado de combustíveis fósseis e que China, EUA e comunidade europeia emitem cerca de metade dos GEE totais.

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O Brasil já assumiu vários compromissos para reduzir suas emissões de metano

Entendendo a sua responsabilidade mundial, a pecuária do Brasil já vem trabalhando com a adoção de estratégias para reduzir sua emissão de metano.

Neste contexto, Sérgio Medeiros ressalta que o Brasil assumiu o compromisso de baixar 43% as emissões até 2030 em relação ao valor base de 2005. 

Não tenho os valores exatos obtidos até hoje, mas são valores muito significativos que foram obtidos com uso de muitas estratégias e manejos focados na redução da emissão deste gás ao meio ambiente”, explica. 

Entre as muitas medidas que permitem maior eficiência da produção, merecem destaque: 

  • Plantio direto; 
  • Recuperação de pastagens degradadas;
  • Aumento da área com o uso de sistemas de produção integrado, como integração lavoura-pecuária-floresta, integração lavoura-pecuária e sistemas silvipastoris.

Dentro dessas muitas possibilidades, o grande pilar da eficiência na produção é o que concentra o maior número de tecnologias, como veremos a seguir.

Intensificação da pecuária: O grande foco da redução da emissão de metano

A melhor forma de reduzir a emissão de metano pelo gado é fazer com que um menor número de animais produza a mesma quantidade de carne. Ou seja, a melhor forma é promover a intensificação da pecuária.

Sérgio Medeiros explica que praticamente todas as formas de intensificação de produção pecuária reduzem a emissão de metano por kg de carne produzida. 

Para pesquisadores e empresas pecuárias essa é considerada a melhor métrica, pois podemos reduzir a emissão sem deixar de produzir uma importante fonte de alimento”. 

A ideia é que, à medida que formos mais eficientes, poderemos produzir a mesma quantidade de carne com menos animais e, sendo a produção baixa por kg de carne, nos encaminhamos para redução de GEE na atmosfera. 

Para isso, Sérgio Medeiros destaca algumas estratégias que funcionam muito bem, tais quais: 

  • Melhoramento animal, priorizando a genética que permita maior conversão alimentar e até menor emissão de metano;
  • Melhoramento de pastagens. “Forrageiras com maior digestibilidade fazem os animais ganharem mais peso e produzem menos GEE por kg de pasto consumido, intensificando a atividade”, indica Medeiros; 
  • Suplementação estratégica. “Essa medida faz o animal ganhar peso na seca, em vez de perder”, salienta o pesquisador; 
  • Adiantamento da entrada em reprodução das fêmeas, com a melhoria da nutrição delas. “Isso faz com que elas fiquem menos tempo emitindo metano sem dar contrapartida em bezerros”; 
  • Aumento da fertilidade das vacas com melhor nutrição. “Com aumento da fertilidade, teremos menos vacas vazias, que emitem metano sem produzirem carne (na forma de bezerro), intensificando a atividade”. 

Por fim, o confinamento é uma atividade que tem crescido dentro da pecuária e que vem contribuindo para a redução das emissões por kg de carne produzida. 

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Novas tecnologias surgem para reduzir a emissão de metano na pecuária

Além de todas as estratégias para intensificar a produção pecuária e reduzir a emissão de metano, há outras tecnologias que merecem destaque. 

Para Sérgio Medeiros, o uso de aditivos é uma delas. Basicamente, os aditivos são substâncias que aumentam o desempenho do animal, em geral aumentando o ganho, a eficiência alimentar ou ambos. 

Ou seja, mesmo que não sejam dedicados a reduzir a emissão de metano, se aumentarem o ganho de peso, diminui a emissão de GEE total por kg de ganho de peso.

Há grande expectativa de que o uso de novos aditivos ajude a melhorar a eficiência de ganho de peso. Hoje, eles já são usados, no entanto ainda há dúvidas na duração do efeito”, cita Medeiros. 

Por outro lado, a pecuária vem tendo excelentes resultados com o uso de consórcio gramíneas-leguminosas, tanto na redução de emissão por kg de carne, como na redução da necessidade de insumos (adubo e suplementos proteicos). 

Por fim, espera-se, também, que o aprendizado sobre o microbioma ruminal nos próximos anos permita encontrar pontos que possam ser manipulados para reduzir as emissões, mantendo a produção. 

No mais, cabe ao setor continuar adotando medidas para intensificar a pecuária de maneira sustentável. “Essa é a chave para aumentarmos a eficiência dos nossos sistemas”, conclui o pesquisador. 

A boa notícia é que temos uma vasta gama de possibilidades de aumento de produção com a redução de insumos, inclusive com opções já disponíveis, bastando viabilizar a adoção pelos produtores.

Aproveite para conhecer este artigo que cita um estudo da FGV que visa o desenvolvimento da pecuária de baixo carbono.

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