Depois de três grandes ondas de calor enfrentadas apenas no segundo semestre, boa parte do Brasil está passando por uma nova onda de calor com recordes históricos. Em muitas regiões do país, a temperatura ficará entre 10ºC e 15ºC acima das médias históricas.
Além de afetar a saúde humana, as temperaturas elevadas podem influenciar diretamente no desempenho dos bovinos, impactando desde o peso dos animais até a eficiência reprodutiva dos rebanhos.
Para evitar essas perdas e garantir a máxima performance produtiva dos bovinos, cabe aos pecuaristas conhecerem os efeitos do estresse térmico e adotar medidas para mitigar os impactos do intenso calor sobre o sistema de produção.
Todas as raças bovinas estão sujeitas ao calor extremo
A chegada de mais uma onda de calor extremo exige muitos cuidados adicionais na pecuária para evitar perdas de produtividade e, em casos extremos, até de animais.
Segundo o gerente de Produtos & Trade da Biogénesis Bagó, Caio Borges, os impactos das altas temperaturas variam de acordo com a categoria e origem dos animais, levando em consideração a zona de conforto térmico e os limites máximos e mínimos de temperatura que os animais suportam.
“Estudos mostram que para bovinos recém-nascidos, a temperatura mínima crítica é de 10ºC, com o conforto térmico entre 18 e 21ºC, e o limite máximo é de 26ºC. Nos bovinos europeus, a temperatura mínima é de -10ºC, conforto térmico entre -1 e 16ºC, sendo a temperatura máxima de 27ºC. Já nos bovinos indianos, o limite mínimo é de 0ºC, o conforto térmico entre 10 e 27ºC e a temperatura máxima suportada de 35ºC”, resume Borges.
Ou seja, mesmo animais zebuínos, conhecidos pela maior rusticidade, estão suscetíveis aos efeitos das altas temperaturas.
Para entender estes efeitos, basta comparar com o calor que afeta as pessoas. Nós não conseguimos viver e se alimentar bem no calor. Com os animais é a mesma coisa.
A primeira ação que o animal sente quando está passando por uma onda de estresse térmico é parar de se alimentar corretamente. Isso reduz seu ganho de peso e compromete a produtividade.
Efeitos do estresse térmico em bovinos
Na atividade pecuária, a influência do calor tem uma relação direta com bem-estar animal e sua produtividade.
As elevadas temperaturas somadas à falta ou ao excesso de chuvas podem prejudicar as pastagens. Mas, segundo Caio Borges, os bovinos sofrem muito também, principalmente com efeitos sobre seu metabolismo e comportamento.
O gerente da Biogénesis Bagó comenta que, quando são submetidos a temperaturas elevadas que ultrapassam o índice considerado suportável, os animais ficam sujeitos à hipertermia, exigindo processos termorreguladores de perda de calor para o retorno da temperatura corporal normal (homeostase).
“Quando os limites toleráveis são ultrapassados, alguns impactos são gerados no desempenho e na saúde do animal, como redução da imunidade, diminuição da produção de leite, perdas reprodutivas, aumento da incidência de acidose ruminal e queda no consumo de matéria seca”, destaca.
A resposta do animal ao estresse é determinada pela intensidade e duração da exposição ao estressor, podendo gerar respostas adaptativas comportamentais, como:
- Redução de atividade nas horas mais quentes do dia;
- Intensificação do pastejo durante a noite;
- Busca por sombra e/ou imersão em água durante o dia;
- Respostas fisiológicas como aumento da frequência respiratória;
- Redução no metabolismo energético; e
- Respostas imunológicas que levam à redução da imunidade do animal.
Neste cenário, Caio Borges explica que os bovinos param de produzir (carne e leite) na tentativa de adaptação ao estresse térmico.
“Os nutrientes ingeridos por meio da dieta que seriam encaminhados ao crescimento e desenvolvimento do animal precisam ser redirecionados para a manutenção do equilíbrio térmico na tentativa de amenizar os impactos gerados pelo estresse”.
Dicas para minimizar o estresse térmico em bovinos
Para manter o bem-estar do gado nessa época de calor, Borges ressalta que algumas ações devem ser realizadas, visando principalmente o bem-estar dos animais e a redução nos impactos produtivos nas fazendas.
“É muito importante fornecer área de sombra, garantir a ventilação adequada, dar acesso a água limpa e em volumes suficientes. Também é necessário ajustar as práticas de alimentação para incentivar os animais ao consumo durante os períodos mais frescos do dia”, reitera Borges.
O manejo no pasto ou curral também deve ser adaptado. Borges aconselha que, caso necessário, ele ocorra em horários de temperaturas mais frescas do dia.
Na alimentação, Borges orienta o uso de vitaminas e microminerais em quantidade e qualidade adequadas para que o organismo animal tenha maior poder de combate e redução dos efeitos negativos gerados pelo estresse térmico.
“Temos uma solução que fornece ao animal uma suplementação adequada de minerais e vitaminas para que o organismo tenha maior poder de combate aos danos gerados pelo estresse térmico e um maior potencial de adaptação aos desafios, amenizando assim os impactos produtivos gerados na fazenda”, orienta o médico-veterinário.
Já para o transporte, a orientação é que o motorista responsável pela viagem, ao aguardar o momento do embarque, deixe o veículo em local arejado, seja na sombra ou no barracão para que o veículo não fique exposto às altas temperaturas.
Por fim, vale destacar que a água é o elemento chave para o manejo de bovinos nos dias de calor intenso. Por isso, a recomendação é oferecer água limpa e fresca aos animais. Vale lembrar que animal que não bebe água não come e não desempenha bem!
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