A pecuária está ruim para você? Você vive reclamando pelos cantos? Com todo o respeito e carinho que tenho por você, que é produtor de uma atividade bem complexa, deixa eu lhe contar uma coisa: “A gente não controla o mercado; a gente controla aquilo que está sob a nossa responsabilidade”.
E se você é do tipo que vive à base de elogios e não admite os próprios erros para melhorar e avançar, pare de ler este artigo agora, porque ele não é para você. Este texto é para quem quer sofrer menos e resultar mais.
A dura realidade é que cada um tem a vida e o negócio que merece. Assim como a lei da semeadura, cada um só colhe exatamente o que planta. Se a pecuária está ruim para você, a culpa é sua e demais ninguém. Desculpe-me pela franqueza, mas a culpa é sua, por mais que doa em você ler isso, e por mais que doa em minha alma ter que escrever isso.
A culpa não é do mercado, não é do governo passado, não é do atual governo, não é do vizinho. A culpa, definitivamente, é só sua e, se você tiver coragem e interesse de mudar o seu cenário negativo, continue aqui comigo, até o fim deste artigo, para você entender o porquê de sermos culpados por tudo o que nos acontece.
Você pode até se vitimizar dizendo que está trabalhando feito um doido(a), de domingo a domingo, e é muito provável que realmente esteja fazendo isso. A pergunta é: “Você está trabalhando do jeito certo?”. Porque se não estiver, você vai morrer de trabalhar e nada vai melhorar.
Outra pergunta: “Você anota as suas métricas, você faz diagnóstico de pastagem, você faz adubação de pastagem, você faz análise de solo, usa algum aplicativo de gestão, você pesa seu animal com regularidade, você sabe exatamente o ganho ou perda de peso dele ou vive dando chutes e se surpreendendo depois? Você consegue se antecipar às possíveis doenças bovinas e faz um diagnóstico precoce ou só percebe depois que tudo foi para o brejo?”. Pense nisso tudo e responda, com fraqueza, se você vem gerindo a sua fazenda da maneira correta.
Muitas pessoas crescem ainda mais na crise, enquanto outras só ficam lamentando. Tem pecuarista que cresce mesmo em tempos difíceis porque planta na crise, ou seja, cuida do negócio como tem que cuidar antes, durante e depois da crise, e colhe prosperidade mais para frente, enquanto outros colhem amargura por não terem se organizado.
É fato, por exemplo, que a maioria dos pecuaristas não se prepara para o período da seca. Deixa correr frouxo e depois fica sem o alimento barato, que é o pasto, tornando-se refém dos altos custos dos grãos. Nesse caso, a culpa é do clima ou é de quem não se preparou com antecedência para enfrentar o período seco? Com o conhecimento certo em mãos é possível, pasme, ter pasto bom o ano inteirinho.
Quem se profissionaliza, se prepara, enfrenta bem a crise e ressurge ainda mais forte no período de abundância. Só pecuarista profissional passa de boa pela crise, porque cuidou bem da pastagem, da equipe e do bem-estar e da saúde animal muito antes, mas muito antes, para aguentar o tranco.
O amador só reclama o ano inteiro, porque é só o que sabe fazer. O amador sempre precisa arrumar um culpado para sua própria incompetência. E quem se junta para reclamar com ele, quem se contamina e espalha lamúria, é tão incompetente quanto. Fazer dinheiro quando a pecuária está em alta é fácil até para uma criança. É coisa de menino e de menina.
Homens e mulheres de verdade não reclamam, trabalham do jeito certo em todos os ciclos e se mantêm em pé quando a coisa aperta. Pode até balançar, mas não cai. Crise é para gente grande no sentido profissional, pois o mercado não exige que você seja grande em tamanho. Pelo contrário, você pode ser pequeno e, ainda assim, muito profissional. O que o mercado não tolera é gente amadora.
As pessoas perdem tempo com políticos de estimação, em vez de usarem melhor o seu tempo aprendendo e aplicando algo novo, ou edificante, que vai trazer algum resultado positivo e efetivo no próprio negócio ou carreira. Não existem salvadores da pátria. Existiu só Cristo, há mais de 2 mil anos. O restante, em sua maioria, só usa o povo em benefício próprio.
No fim, é você com você mesmo na hora que a coisa fica feia. É por isso que é importante buscar conhecimento, mas, atenção, porque conhecimento é poder somente quando aplicado. A prática faz a diferença. Não adianta fazer inúmeros cursos, assisti-los como se fossem série de TV, e não aplicar nada. Tudo continuará igual.
Conhecimento é poder e prosperidade somente na prática. Quem aprende e aplica, sai na frente. E, repito, pode até balançar na crise, mas não cai, mesmo com a arroba do boi lá embaixo e sofrendo pressão por parte dos frigoríficos. Quem se planeja, cuida do rebanho do jeito certo, garante uma pastagem saudável, tem mais poder de fogo no mercado para comprar e vender na hora certa e não em momentos de desespero.
Pegou essa semente de reflexão? Agora, plante. Sabe por quê? Porque todo pecuarista tem que ser um agricultor antes de ser pecuarista, seja para cuidar bem da pastagem como uma cultura, ou seja para plantar a gestão certa e colher resultados seguros no futuro.
Pare de procurar ou perguntar quem é o culpado. E a pergunta que você deve fazer é uma só: “Onde estou errando e como posso melhorar?”. Este é o ponto de partida para você estar preparado e rir da crise quando ela vier lhe assombrar novamente. O culpado está num único lugar: no espelho da sua casa.
Lilian Dias é comunicadora Agro, jornalista especializada no setor e geriu a redação das duas maiores emissoras de televisão do agronegócio brasileiro. Possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas, práticas de liderança e marketing. É autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio".
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