O agronegócio brasileiro foi muito bem em 2022, apesar de tudo! O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima uma safra recorde de grãos, cereais e leguminosas da ordem de 312,2 milhões de toneladas, devido as condições climáticas favoráveis até o início de dezembro. Essa quantidade é 15% maior do que a safra obtida em 2021/2022. Da mesma forma, a safra de cana-de-açúcar será maior, acima de 600 milhões de toneladas.
Nos embarques de produtos agropecuários brasileiros, as perspectivas também são positivas, porém com crescimento menor, especialmente, pela desaceleração da economia mundial, com alta estimada em 2,7% pelo Fundo Monetário Internacional (FMI); crescimento menor da China, com previsão de 4,4% pelo FMI; e o conflito entre Rússia e Ucrânia, que impacta os preços dos insumos, o fornecimento de energia na Europa e a produção global de grãos, além de complicar a logística global.
Para o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta a expansão de 2,5% neste ano em relação ao ano de 2022, que possui uma queda estimada pela entidade de 4,1%, motivada pelos altos custos de produção, principalmente dos insumos, como fertilizantes e defensivos, que alcançaram um aumento de preço acima dos 100%.
Por outro lado, 2023 será um ano de desafios para o agronegócio. Um deles é a geopolítica, com o retorno de medidas protecionistas e precaucionistas em âmbito global, que dificultam o livre comércio e criam barreiras para a distribuição dos alimentos, elevando a insegurança alimentar.
Nesse sentido, a União Europeia lançou o Green Deal para as cadeias produtivas dos países fornecedores de produtos agropecuários, porém mantendo as diretrizes utilizadas para nações de clima temperado e de clima tropical, cuja produção é totalmente distinta. Também implementou uma regulamentação sobre desmatamento para os países importadores e exportadores, cuja comprovação é difícil de ser mensurada e impõe diferenciação entre as nações. Para tratar desse tema urgente, inclusive, promoveremos no dia 31 de janeiro, o Fórum Agro: Brasil Protagonista, com a participação de representantes da diplomacia brasileira e das cadeias produtivas, onde debateremos os detalhes das visões unilaterais que levam a programas como o “Green Deal”.
Outros pontos de atenção também são a provável queda dos preços das commodities no próximo ano e a manutenção dos custos elevados de produção que, em média, subiram 35% no período de 12 meses.
A história mais recente mostra que com tecnologia o agro brasileiro é resiliente e sempre supera os desafios impostos pelos cenários interno e externo, a partir do uso constante de novas tecnologias, do emprego da mais moderna ciência tropical e de técnicas sustentáveis e inovadoras, da integração e diálogo entre as cadeias de produção e do público com o privado, e do empreendedorismo e criatividade que são características marcantes do povo brasileiro.
Vamos crescer novamente!
Por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio
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