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Crise hídrica: dicas para fazer melhor uso da água na agricultura

Article-Crise hídrica: dicas para fazer melhor uso da água na agricultura

Crise hídrica e o consumo de água na agricultura
Estamos vivendo a maior crise hídrica dos últimos 91 anos. Cabe à agricultura adotar estratégias para reduzir o consumo de água em seus processos produtivos

O Brasil está à beira de uma crise hídrica histórica! A maior irregularidade de chuvas dos últimos 91 anos ameaça o abastecimento de água, impacta a geração de energia em hidrelétricas e encarece a conta de energia em razão da necessidade de acionamento de termelétricas.

Essa situação crítica liga um alerta em todo o cenário nacional. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil utiliza suas bacias hidrográficas principalmente no ramo industrial e urbano, além da geração de energia elétrica e o transporte hidroviário.

Mas, sem dúvidas um dos setores mais afetados pela atual crise hídrica é a agricultura, exigindo do agricultor a adoção de diversas medidas para reduzir os impactos da irregularidade das chuvas e deficiência hídrica.

Impactos da crise hídrica sobre a agricultura

Há 91 anos o Brasil não apresentava níveis tão baixos de água em seus reservatórios. Além de ameaçar o abastecimento de água, a irregularidade de chuvas no Brasil tem impacto direto na agricultura e no encarecimento das contas de energia.

Especialistas afirmam que a atual crise pode afetar seriamente a agricultura, prejudicando o transporte de commodities e o suprimento de outras nações. Além disso, Ricardo Baitelo, Coordenador de Projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), explica outros impactos da atual crise hídrica atualmente enfrentada:

  • Potencial restrição do uso de recursos hídricos em função da administração de usos múltiplos entre atividades produtivas industriais, agrícolas, extrativistas e a geração de eletricidade;
  • Aumento do preço da eletricidade. “Consequentemente à crise hídrica teremos aumento de custo dos processos produtivos, em função do acionamento de termelétricas fósseis, cujo custo de geração pode chegar a ser dez vezes mais elevado do que opções renováveis como hidrelétricas, eólicas ou solares”, diz Baitelo;
  • Potencial risco de contenção do uso de eletricidade para a manutenção de atividades produtivas em um contexto de racionamento de eletricidade, como acontecido em 2001/2002;

De uma forma indireta Baitelo explica que o maior acionamento de termelétricas provoca impactos colaterais a culturas agrícolas. “A queima do combustível em termelétricas resulta no lançamento de poluentes aéreos e alteração da qualidade da água de corpos d'água adjacentes à usinas”, cita.

Segundo o Coordenador de Projetos do IEMA, as termelétricas são acionadas para atender à demanda de energia que não consegue ser atendida com reservatórios em níveis baixos por consequência de falta de chuvas. “As termelétricas apresentam elevado custo de operação, por isso são acionadas apenas para complementar a demanda de energia”.

O coordenador do IEMA ressalta ainda que outras fontes renováveis de energia têm participação já expressiva na matriz elétrica, como as fontes eólica, solar e térmicas a biomassa, mas estas ainda não são suficientes.

“Essas fontes têm sua geração de eletricidade variável de acordo com períodos do dia ou meses do ano e, ainda que tenham contribuição significativa ao atendimento da demanda, não são capazes de fazê-lo em períodos pré-determinados”.

Diante da crise hídrica, como reduzir o consumo de água na agricultura?

A agropecuária é uma das atividades produtivas que mais consomem água na economia brasileira, tendo na irrigação, abastecimento animal e abastecimento rural os maiores consumidores desse recurso dentro do setor.

Pensando nisso, o agro tem participação importante na promoção de redução do consumo de água diante da atual crise hídrica. Assim, algumas práticas são recomendadas. Veja como economizar água na agricultura:

Irrigação por gotejamento

A irrigação por gotejamento é uma técnica em que a água é aplicada por meio de gotas através de tubos dispostos ao longo das plantações. Quando bem dimensionada, esse tipo de irrigação contribui com a conservação do solo, incremento da produtividade, redução do uso de fertilizantes e redução significativa do uso da água na agricultura.

Plantio Direto

Essa é uma ideia muito difundida no Brasil, mas não são todos que sabem que ela também ajuda na redução do consumo da água. O planto direto consiste em manter a palha e demais restos vegetais de outras safras no solo, cabendo à palha reter a água, além de prevenir a erosão do solo, contribuindo tanto para a economia no uso da água na agricultura quanto para a conservação da terra.

Barragens subterrâneas

As barragens são adotadas para represar a água da chuva, que posteriormente poderá ser utilizada na lavoura. Possuem a função de reter a água da chuva que escoa em cima e dentro do solo, por meio de uma parede impermeável construída dentro da terra e que se eleva a uma altura de cerca de 50 cm acima da superfície, no sentido contrário à descida das águas

Telas de proteção

Durante o verão, quando a exposição do sol é mais longa e, consequentemente, mais quente, ocorre um natural ressecamento das plantas, exigindo que a irrigação seja mais intensa e demande maior volume de água.

A instalação de telas permite justamente o controle da entrada de radiação, deixando o solo úmido e as plantas hidratadas por mais tempo. Essa prática para economizar água na agricultura é mais recomendada para pequenas e médias plantações.

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