Na agricultura brasileira, o uso de defensivos agrícolas é uma prática comum. Prova disso é que nos últimos 10 anos a compra de agrotóxicos mais que dobrou no País. Essa elevação se deu pelo fato da grande maioria dos produtores utilizarem os defensivos como a principal forma de controle de pragas/doenças em suas lavouras.
Porém, a medida que o uso desses produtos tóxicos cresce na lavoura, aumenta-se também o custo com a compra e aplicação, elevando por fim o custo final de produção e isso vem preocupando muitos agricultores brasileiros.
Para solucionar este problema, a adoção das boas práticas na aplicação de defensivos precisa crescer na mesma proporção que o uso. Isso trará redução dos custos, contribuindo com a produtividade/lucratividade do negócio rural.
Planejamento: a melhor boa prática para reduzir os custos
Dentre os diversos erros quanto a aplicação de defensivos agrícolas, a falta de planejamento ainda é uma realidade alarmante nas lavouras brasileiras, interferindo diretamente no desenvolvimento das plantas e causando invariavelmente grandes perdas em produtividade.
Segundo o professor do IFMG (Instituto Federal de Minas Gerais), Robson Shigueaki Sasaki, o planejamento consiste em identificar corretamente as pragas/doenças que assolam a lavoura e selecionar e aplicar corretamente o produto.
“Com o correto planejamento para a aplicação de defensivos agrícolas, consegue-se uma boa eficácia de controle sem comprometer a produção”, explica o professor.
Outro aspecto relatado por Sasaki que pode reduzir os gastos com a aplicação de defensivos é a correta definição do Nível de Dano Econômico da praga ou doença. Esse nível é representado pela densidade populacional da praga capaz de causar danos econômicos a cultura.
“Muitas vezes conviver com a praga em uma densidade populacional baixa é inferior ao custo para combate-la”, explica.
Em outras palavras, pode-se dizer que, considerando somente o aspecto econômico, uma determinada espécie de pragas só deve ser controlada quando sua população tem potencial em causar prejuízos superiores ao que será gasto no tratamento.
Recomendações para melhorar a qualidade da aplicação
“Na aplicação de defensivos agrícolas não existe receita de bolo”, explica Sasaki. Como sugestão e para evitar possíveis falhas, o professor recomenda que o produtor deve se preocupar com algumas boas práticas importantes:
- Identificar corretamente a praga/doença bem como estabelecer o Nível de Dano Econômico (NDE);
- Selecionar o produto a ser aplicado. Sasaki sugere que o produtor deve ainda comprar os defensivos sempre em lojas e revendas autorizadas;
- Selecionar, regular e calibrar o equipamento a ser utilizado para a aplicação;
- Estabelecer as condições meteorológicas ideais durante a aplicação. “Caso estejam desfavoráveis, como velocidade do vento elevada, alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, o produtor deve interromper a aplicação”, aconselha Sasaki;
- Fazer a avaliação da qualidade da aplicação de defensivo. “Em condições de campo essa avaliação pode ser realizada por meio de etiquetas hidrossensíveis”, indica.
Sasaki salienta que o papel do aplicador também é imprescindível. “O treinamento do operador deve ser uma boa prática constante”. Ou seja, o treinamento do aplicador pode ser o diferencial entre a eficiência e a deficiência na aplicação dos defensivos, tendo também direta relação com a redução dos custos.
Aplicar defensivos a baixo custo. É possível?
Na aplicação de defensivos agrícolas, devemos lembrar que não está envolvido somente o custo com o agrotóxico em si, mas também o custo com toda a aplicação que envolve o equipamento, a mão de obra e a manutenção.
Neste aspecto, o professor da IFMG indica que a correta seleção do produto faz parte de um requisito primordial. “Sem um bom produto, será difícil baixar o custo”.
Sasaki indica ainda que todas as boas práticas que favoreçam o rendimento operacional da máquina ou equipamento são importantes, pois tendem a reduzir os custos na aplicação de defensivos.
“Para aumentar o rendimento operacional, devem-se planejar corretamente os aspectos que envolvam a aplicação de defensivos, principalmente quanto ao volume de calda, velocidade de trabalho e dimensão do equipamento a ser utilizado”.
Aplicar em condições meteorológicas desfavoráveis também pode ser um fator que onera o custo da aplicação.
Neste contexto, Sasaki cita a aplicação de defensivos sob condições de alta velocidade do vento e alto Déficit de Pressão de Saturação de Vapor d’água no ar. “A aplicação nestas condições aumenta o potencial de risco de perdas por deriva e evaporação”.
Na prática, além de aumentar os riscos de impactos ambientais, a aplicação nestas condições reduz a deposição no alvo, reduzindo por consequência a eficácia de controle, que, por sua vez, irá requerer uma nova aplicação na área (gerando mais custo).
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