A 8ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA) começou nesta quarta (25), na cidade de São Paulo. Com a temática “Dobrar o Agro de Tamanho com Sustentabilidade: A Marca Brasileira”, o evento promove discussões sob a ótica de uma importante tríade no agro: segurança alimentar, segurança energética e segurança ambiental.
Neste ano, o palco principal “Arena Master” contou com o formato 360º para integrar mais suas congressistas, que, nesta edição, somaram mais de 3 mil mulheres do agro e vendas de ingressos esgotadas. E a equipe Agrishow Digital acompanhou de perto para trazer as novidades a vocês!
Pilares da Sustentabilidade no Agro: destaques na abertura do CNMA
Gislaine Balbinot, diretora executiva da ABAG, e Ingo Ploger, vice-presidente da ABAG, deram as boas-vindas às congressistas e reforçaram o compromisso da instituição no desenvolvimento de grupos de mulheres do agro que, principalmente, apoiam e encorajam novas mulheres no setor.
Já na abertura oficial, José Luiz Tejon, curador de conteúdo do evento e sócio-diretor da Biomarketing, foi moderador do debate entre: Fabiana Alves, CEO do Rabobank; Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e professor emérito da FGV; Silvia Massruhá, presidente da Embrapa; e, Thais Vieira, diretora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
A CEO do Rabobank, Fabiana Alves, iniciou a discussão explicando sobre o vasto espaço que o Brasil possui, e - sendo um dos maiores exportadores agropecuários mundiais, além de ter recursos naturais e condições climáticas favoráveis - pode dobrar de tamanho, sem que precise de mais áreas para pasto e plantio, já que possui educação e tecnologia.
Fabiana também apontou um fator fundamental sobre o crescimento da sustentabilidade no agro brasileiro: não só ambiental, como também social e econômica. Diante disso, ela reforçou que o país precisa de investimentos e políticas públicas, além de uma estratégia de transição na cadeia de alimentos para maior eficiência. Dentre estes, destacou alguns exemplos, tais como: mercado de carbono, agricultura regenerativa e uso em escala da agricultura de precisão.
“Contrariando a ideia de que a sustentabilidade diminui a produtividade, a implementação dessas iniciativas comprova o aumento de produtividade, além de confirmar a atenção dos produtores quanto a qualidade e a longevidade dos seus próprios ativos e de um setor que sempre busca inovação e oportunidades de negócios”, frisou.
A cerimônia de abertura teve Silvia Masshurá na sequência. A presidente da Embrapa emocionou-se ao falar sobre a visibilidade obtida para as mulheres do campo e das pesquisas atraés do CNMA, além de reforçar a importância da representatividade e o fato de ser a primeira presidente mulher da instituição.
Ainda em sua fala, Silvia destacou sobre o crescimento do agro sustentável e reforçou a importância da transparência no sistema de produção, dado, principalmente, pela rastreabilidade, uma nova demanda do consumidor. Este, solicita cada vez mais por nutrição e saúde, com foco no entendimento da origem dos alimentos.
“Em 50 anos nós aumentamos a nossa área plantada em 140%, dado que evidencia o quanto nossa pecuária é sustentável. Aumentamos 4,5 vezes mais a nossa produtividade em relação á expansão de área. Entretanto, não adianta comunicar estes dados para dentro da porteira, é preciso mostrar, com números, métricas e indicadores, que a nossa pecuária é sustentável”, afirma.
A presidente da Embrapa também comentou sobre a segurança alimentar e energética. Esta última, indicada como um dos maiores desafios de sustentabilidade do Brasil e do mundo. “É necessário se atentar ao impacto das mudanças climáticas, por isso a importância de investir na produção e recuperação de áreas degradadas. Nesse sentido, a Embrapa já está realizando estudos para aumentar a produtividade sem derrubar nenhuma árvore”.
Por fim, Masshurá comentou sobre a contribuição da Embrapa no apoio com a inclusão digital aos pequenos produtores, agregando valor, levando tecnologia, aumentando a produtividade e resolvendo questões importantes na agricultura familiar: “Novas tecnologias podem ajudar a reter talentos e solucionar problemas de sucessão”.
Neste gancho, Thais Vieira, diretora da Esalq, trouxe dados importantes sobre o agro brasileiro e a importância das tecnologias. De acordo com os dados do CEPEA de outubro, o agro representa 24% do PIB nacional, e, até o final de 2023, deve somar R$2.6 trilhões. Ela também destacou que a 28,3 milhões de pessoas estavam em postos de trabalho no setor agro, puxados pelas áreas de agro serviços e insumos, o que é explicado pela representante da Esalq pela forte presença de Agtechs e empresas que produzem biológicos.
Vieira indicou que esses dados confirmam que o Brasil consegue dobrar o agro e chegar na produção de 500 milhões de toneladas em 2040, mas destacou: “Antes de pensar em produzir mais, precisamos pensar em parar de perder, porque desperdiçamos muito. Temos que olhar para os gargalos e valorizar os alimentos que são produzidos de maneira responsável e sustentável, e mostrar isso ao mundo, através de métricas transparentes.”
Segundo Thais, 30% dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados, já no Brasil, a porcentagem de produtos que não conseguem nem entrar na indústria, chega a 60%. “No Brasil existe uma margem muito grande para agregar valor aos nossos produtos e o processamento de alimentos não é um vilão, mas sim a solução. O processamento pode garantir acesso a alimentação de forma segura nas mais remotas regiões do mundo. Então vamos dobrar o agro, mas é preciso fazer isso agregando valor, produzindo de forma consciente e evitando o desperdício”, finalizou.
Roberto Rodrigues, Professor Emérito da FGV, retomou os pontos do início da discussão, apontando para os problemas globais: segurança alimentar, energética e mudanças climáticas; estes, de acordo com Rodrigues, podem ser solucionados pelos países localizados na faixa tropical, mas reforça que o Brasil deve ser líder nessa revolução. “Desenvolvemos internamente uma tecnologia tropical sustentável que mostra a exaustão como somos eficientes, produtivos e sustentáveis”, explicou.
E finalizou: “Temos as condições perfeitas de tecnologia, empreendedorismo e políticas públicas que nos favorecem. Outro ponto é que a demanda continua crescendo no mundo todo, e por isso podemos perfeitamente trabalhar colocando o Brasil como protagonista da produção mundial de alimentos. Podemos dobrar a produção, concertar a matriz energética e promover a sustentabilidade, desde que exista uma estratégia bem formulada”.
Programação e atrações
Neste ano, o CNMA traz uma programação diversificada, dividida entre a Arena #oagroédelas, Arena #oagronãopara e Arena Master, na qual ocorrem as mesas-redondas.
Além das arenas, uma novidade da 8ª edição do CNMA é o Hub Técnico, que conta com diversas palestras que vão desde condução da genética animal e vegetal, até administração de irrigação e mecanização. “Esta foi uma demanda trazida pelas próprias congressistas em edições anteriores, que gostariam de um espaço com foco exclusivamente técnico. Serão palestras de profundidade científica, para quem quiser mergulhar e entrar no estado mais avançando do conhecimento da adubação, da nutrição, da genética, da mecanização, da irrigação e dos defensivos, sejam eles agrícolas, vegetais ou veterinários”, explica o professor, sócio-diretor da Biomarketing e curador de conteúdo do CNMA, José Luiz Tejon. Para saber mais detalhes da programação, clique aqui!
Confira a seguir os principais detaques do primeiro dia de evento:
Arena Master do CNMA
Além da abertura oficial do evento, a Arena Master também foi palco para o lançamento do Aroma das Mulheres do Agro, uma novidade exclusiva deste ano. Renata Camargo, Gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios na Transamerica Expo Center, apresentou a parceria lançada com Márcia Rissato, CEO da Pomander, que explicou sobre a fragrância. “O aroma está ligado com nossa intuição. Quando respiramos natureza, estamos mais abertas ao mundo. Pertencemos a algum lugar e lembramos das nossas raízes”, comentou.
O espaço também contou com o tema “Grandes Corporações e Sustentabilidade” na programação, seguido pelo tema “6 biomas e 6 agronegócios mundiais”, uma mesa-redonda composta por mulheres líderes na Embrapa. Mediadas por Silvia Masshurá, Paula Packer, Ana Clara Cavalcanti, Cristhiane Amâncio e Lúcia Wadt dividiram com as congressistas um pouco mais sobre a atuação da Embrapa em seus respectivos biomas e o importante papel da sustentabilidade.
Lúcia Wadt, Chefe-geral da Embrapa Rondônia, contou sobre a participação crucial no fortalecimento da bioeconomia na comunidade. Um exemplo trazido foi a produção de cafés especiais, fruto da parceria entre Embrapa e comunidades de povos indígenas. Esta produção, contava com a qualidade de materiais genéticos estudados pela instituição e a metodologia de plantação utilizada por esses povos. Com isso, obtiveram ganho de produtividade e mais de 3 mil toneladas de produto. “A inserção social pode trazer um ganho enorme e temos potencial para crescer muito”, explica.
Cristhiane Amâncio, Chefe-Geral da Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro, também levou em conta o aspecto social em sua fala. Ela contou que o trabalho realizado com reaproveitamento do que já existe e com a produção em áreas urbanas ajuda as populações mais carentes terem acesso a alimentação e alternativas de vendas dos produtos.
Um dos momentos mais aguardados do dia foi o Prêmio Bayer de Mulheres do Agro, que está em sua 6ª edição e tem como objetivo reconhecer e incentivar o protagonismo da mulher no campo. Na categoria Pequena Propriedade, a produtora Ana Paula Urtado levou o primeiro lugar, seguida por Rossana Aboud, em segundo, e, em terceiro, por Alessandra Bath. Já na categoria Média Propriedade, a vencedora foi Ingrid Graziano, seguida por Cláudia Araújo e Cláudia Sulzbach, respectivamente. Na categoria Grande Propriedade, Flavia Rodrigues ocupou o primeiro lugar, em segundo ficou Maira Coscrato, e, o terceiro lugar foi de Mariana Veloso. Por fim, como grande novidade do prêmio este ano, a Bayer apresentou a categoria Ciência e Pesquisa, que teve Patricia Monquero como vencedora.
Embaixadoras do Agro: representando as 5 regiões do Brasil
Pelo segundo ano consecutivo, o CNMA conta com seu time de embaixadoras, que representam cada região do país: Renata Salatini, a região Norte; Edineia Becker, a região Sul; Sônia Bonato, a região Centro-Oeste; Ani Sanders, a região Nordeste; Chris Morais, a região Sudeste.
As produtoras, que também são líderes e representam fortemente as mulheres do agro, trabalharam ao longo de todo ano na divulgação e incentivo da participação de cada vez mais mulheres do agronegócio no evento. Neste ano, elas tiveram um horário especial da programação na Arena #oagronãopara. Com o tema "PROPÓSITOS: AÇÃO, CORAÇÃO, EMPATIA, RESILIÊNCIA E SINCERIDADE", elas dividiram suas histórias e compartilharam dicas e conselhos imporantes para as congressistas.
Ani Sanders, que é produtora de algodão na região nordeste, contou sobre sua atuação na comunidade local e como ajudou a transformar a educação da região. Ela pontuou: "vão em frente, as dificuldades se tornam um troféu". Já a pecuarista Chris Morais, contou todos os desafios de produzir de maneira sustentável e finalizou com uma reflexão: "ser sustentável é lembrar que os ciclos vão continuar, inclusive para as próximas gerações".
Edineia Becker contou sobre sua inserção no mundo do agro após a morte se seu pai e quais foram os desafios da sucessão familiar. A embaixadora do Sul deixou um recado para as congressistas que assistiam a programação: "Somos feitas de desafios e vitórias. Nossas vitórias são feitas de caminhos que tropeçamos diversas vezes. Nós, embaixadoras, desejamos que vocês também sejam embaixadora e levem ao município de vocês a mensagem que captaram aqui".
Renata Salatini, gestora rural e palestrante, dividiu um momento emocionante sobre a importância da resiliência e seu impacto no autoconhecimento, auconfiança, controle emocional, empatia e otimismo: "se faltar resiliência, teremos problemas", afirmou. Sônia Bonato arrancou lágrimas ao dividir sua história de amizade com as embaixadoras das outras regiões: "não fazemos nada sozinhas. O que precisamos é dessa rede de apoio entre as mulheres". Por fim, a embaixadora fechou a programação contando que deixa o posto de representante do Centro-Oeste no próximo ano do CNMA para assumir outros projetos.
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