O uso de energias renováveis no agronegócio gera benefícios que vão além do fator econômico. É o que demonstra o exemplo da Fazenda Iguaçu (Star Milk), no Paraná. Os 550 alqueires são dedicados a agricultura, pecuária de leite e reflorestamento. Para produzir 19 mil litros de leite por dia, número que está em crescimento, são 150 toneladas de dejetos de gado leiteiro, também diariamente. Esse volume hoje representa economia e mais qualidade tanto para o gado quanto para toda a região.
Carolina Sossella, médica veterinária da Star Milk, conta que o uso de um biodigestor começou há nove anos. O equipamento, que processa urina, esterco, água e serragem, é responsável por 50% de economia em gastos com energia elétrica. A água que sai do biodigestor vai para lagoas de decantação e, depois de passar pela última, está mais limpa e pode ser usada para limpeza de pisos das salas de ordenha e das canaletas onde cai o esterco, nas salas de ordenha e no confinamento.
O papel de um veterinário é importante no processo, pois a alimentação dos animais influencia na qualidade do esterco, o que também afeta a qualidade do gás produzido pelo biodigestor. E o equipamento é projetado para trabalhar com esterco de animais bem alimentados. Para o meio ambiente, é um ganho utilizar a água na higienização da fazenda ou na fertirrigação de determinadas áreas, com um material que seria poluidor se descartado incorretamente.
Além disso, resíduos sólidos são usados para compostagem em áreas agricultáveis, com economia no uso de fertilizantes. Para os animais, as vantagens vão desde a diminuição de moscas, que estressam o gado e afetam a produção, até a prevenção de doenças transmitidas por moscas ou carrapatos.
Emerson Grossi, gerente administrativo da fazenda, explica que a compra do biodigestor, mais um motor de caminhão próprio para uso com gás natural, além de o gerador de energia, chegou a um custo aproximado de R$ 500 mil, na época. Como a fazenda gasta, aproximadamente, R$ 15 mil de energia elétrica, mas economiza metade do que consumiria, o investimento se pagou em mais ou menos quatro anos.
Na produção de leite, o gerador alimenta a ventilação e a ordenha automatizada. O equipamento tem capacidade para 300 quilowatts, dos quais 140 quilowatts são usados. E a fazenda possui uma área dedicada a grãos, que não está conectada ao gerador. Mas a qualidade do gás gerado no biodigestor (que move o motor, e por sua vez move o gerador) varia todos os dias, de acordo com características climáticas e do esterco. Já a variação da rede elétrica é menor, oscilando em dias chuvosos ou quando há necessidade de reparos.
Assim, a Star Milk optou por vender toda a energia que produz para a Copel, concessionária da região, em um projeto aprovado recentemente. Um aparelho irá medir a produção mensal de energia e a companhia elétrica irá abater esse valor dos gastos mensais da fazenda. Com isso, o fornecimento será mais estável e a utilização da energia renovável, que cresce com a produção, continuará a gerar mais economia e qualidade.
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