O plantio consorciado é uma ótima alternativa tecnológica para o agricultor e que promete aumentar a renda, como já falamos aqui no canal de conteúdo da Agrishow . Porém, para que o agricultor consiga o máximo de eficiência, ele precisa ter clareza do seu objetivo, para assim, definir qual será a melhor combinação entre as espécies.
Esta é a dica é compartilhada por Alexandrius de Moraes Barbosa, docente do curso de Agronomia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). “No cultivo consorciado pode-se utilizar desde plantas hortícolas até espécies florestais, sendo que a combinação entre as espécies varia conforme o objetivo do produtor”. O professor ainda dá algumas sugestões de objetivos do produtor com suas respectivas formas de consórcio.
Simbiose entre espécies
O produtor pode optar em consorciar duas espécies objetivando que uma beneficie o desenvolvimento da outra. “Pode-se cultivar sorgo silagem com feijão guandu nas entrelinhas onde, o feijão guandu (por ser uma leguminosa) fornece nitrogênio para o sorgo, promovendo assim, o desenvolvimento do sorgo e também aumentando a qualidade da silagem”.
Aproveitamento da área
Certamente o melhor aproveitamento da área é um dos principais objetivos dos agricultores. Sabe-se também que no cultivo de algumas espécies o espaçamento entrelinhas é razoavelmente grande e para que essa área não fique em pouso, pode-se fazer o cultivo de outra cultura nesse espaço de modo a se aproveitar de uma maneira mais eficiente sua área agrícola.
“O cultivo de maracujá com feijão é uma ótima opção, onde o produtor pode realizar o cultivo do feijão nas entrelinhas do maracujazeiro (que costuma ser bem espaçadas) sem que haja prejuízos para as duas ”, exemplifica o professor.
Aproveitamento do tempo
Em alguns consórcios o objetivo central é o aproveitamento do tempo, principalmente no que se refere aos fatores climáticos (chuva, luz e temperatura). Neste contexto, um consórcio muito utilizado no Brasil é o sistema Santa-Fé, que se caracteriza pelo consórcio do milho com a brachiaria.
Nesse consórcio a brachiaria pode ser semeada simultaneamente com o milho safrinha (período em que começa a redução da chuva, luz e temperatura na região Centro-Sul do Brasil).
A brachiaria pode ser semeada a lanço ou junto com o milho em uma profundidade maior, de modo que o milho germine e inicie o seu desenvolvimento primeiro que a brachiaria, dessa maneira quando a brachiaria iniciar o seu desenvolvimento o milho já estará num porte maior, o que acarretará no sombreamento e na pausa do desenvolvimento da brachiaria.
“Quando o milho for colhido, a brachiaria terá condições de se desenvolver normalmente, aproveitando de forma mais eficiente os recursos climáticos” explica Barbosa.
Todas as culturas podem ser consorciadas entre si e em todos os solos, mas não há uma receita de bolo padrão
Praticamente todas as culturas podem ser consorciadas (como hortícolas, frutíferas, graníferas, arbóreas, florestais etc.) como também, todos os tipos solos permitem o cultivo consorciado. No entanto, Barbosa faz uma ressalva importante. “Não existe uma receita de bolo em relação às quais tipos de consórcio o produtor deve utilizar”.
Segundo ele, o melhor consórcio depende o objetivo do produtor, da capacidade tecnológica, além da aptidão que o produtor tem por determinadas culturas, além, claro, do conhecimento de manejo sobre as culturas a serem consorciadas.
“O consórcio deve ser realizado em função da necessidade do produtor e da tecnologia disponível na propriedade”, explica o professor. Para isso, é de extrema importância que o produtor consulte profissionais qualificados que possam auxiliá-lo na escolha das culturas.
“Apesar de todas as culturas permitirem o consórcio, a seleção cuidadosa dessas culturas é fundamental para que não ocorra a competição e uma cultura acabe prejudicando ou inibindo o crescimento de outra”, finaliza.
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