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Tucumã: conheça o novo ouro da Amazônia

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O que era visto como uma praga, agora é considerado ouro. O Tucumã, com suas qualidades, supera o preconceito e gera renda para as comunidades amazônicas.

A Amazônia é um ecossistema com muitas peculiaridades, especialmente devido à sua grande diversidade. Suas frutas, com sabores diferenciados e marcantes chamam a atenção de todos. Um dos frutos recentemente mais prestigiados é o tucumã.

Com crescimento em palmeiras, este fruto era visto, por muito tempo, como uma praga, principalmente por ser muito resistente e possuir longos espinhos que machucam o gado e danificam as máquinas. 

Mas a mentalidade das comunidades locais está mudando e o tucumã vem adquirindo grande prestígio, elevando suas características vantajosas e possibilitando geração de renda para as comunidades amazônicas.

Diante disso, vale a pena conhecer as principais características do tucumã, assim como suas diversas possibilidades de uso.

Principais características do Tucumã

Originário da Colômbia, mas que se adaptou muito bem na Amazônia brasileira, o tucumã é um fruto comestível que cresce em cachos como o açaí. Este é o fruto da palmeira tucumanzeiro, que é nativa da região amazônica.

Com forma arredondada, casca fina e polpa oleaginosa e fibrosa, ambas de coloração que vai do amarelo claro ao laranja escuro, o tucumã possui um caroço rígido lenhoso que comporta uma amêndoa também rica em gordura.  

Laura Figueiredo Abreu, Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, explica que existem duas principais variedade de tucumã: o Astrocarryum vulgare, popularmente chamado de tucumã-do-pará, e o Astrocarryum aculeatum, chamado de tucumã-do-amazonas. 

Além da diferença entre as suas palmeiras, os dois frutos também são diferentes em termos de formato e tamanho e quanto à composição físico-química de suas polpas e amêndoa”, complementa a pesquisadora. 

E, além de saboroso, o tucumã é altamente nutritivo, rico em ômega 3 e vitaminas A, B1 e C, que contribuem com o bom funcionamento do organismo.

Da praga a um produto que dá lucro

Por muito tempo, o tucumã foi visto como uma praga pelas comunidades ribeirinhas. Mas, para Laura Abreu, o termo “praga”, apesar de ser inadequado, deveria ser atribuído somente à variedade Astrocaryum vulgare ou ao tucumã-do-Pará.

Essa variedade é uma palmeira nativa e robusta que nasce nos campos sem nenhum tratamento ou cultivo especial. Além disso, seu caule contém muitos espinhos, capaz de machucar animais, sendo por isso visto como uma praga”, salienta. 

Como em algumas áreas de campo nem todos se dedicam ao extrativismo dessa espécie, os frutos que naturalmente caem no chão são extremamente apreciados e importantes para manutenção da vida de animais silvestres. 

A pesquisadora da Embrapa explica que o tucumã-do-Amazonas (Astrocaryum aculeatum) é extremamente valorizado no estado do Amazonas e é muito utilizado na sua culinária. Já o tucumã-do-Pará tem o extrativismo mais voltado para alimentação animal, artesanato de seus caroços para bijuterias finas e para cosméticos. 

Com o avanço das pesquisas científicas, não somente de instituições nacionais, mas de centros internacionais, têm-se descoberto a presença de importantes bioativos que conferem propriedades importantes principalmente para a polpa de tucumã”, complementa a pesquisadora. 

Dessa forma, a valorização desse fruto tem aumentado a adesão de comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica ao seu extrativismo e agroindustrialização, trazendo inclusão socioprodutiva às mesmas. 

Muitas aplicações para o tucumã

Na rotina das comunidades da Amazônia, o tucumã é um fruto consumido de forma in natura ou em sucos. Mas, em um aspecto mais comercial, Laura Abreu ressalta que este fruto tem tudo para romper horizontes e ser comercializado no Brasil e no mundo inteiro.

Para a pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, as possibilidades para o uso do tucumã são variadas:

Óleo ou azeite - Os óleos obtidos da polpa tanto de A. vulgare como de A. aculeatum são, predominantemente, constituídos por ácidos graxos insaturados, em especial o ácido oleico, monoinsaturado. “Essas características podem ser comparadas à composição do azeite de oliva extravirgem ou óleo de canola”, salienta.

Cosmético - O potencial biotecnológico dessa espécie para a indústria cosmética e farmacêutica é imenso. 

Seu uso é interessante na área cosmética devido ao número considerável e tipo de bioativos presentes nas diferentes partes do fruto como carotenóides, polifenóis, flavonóides, taninos, alcalóides, saponinas e esteróides. Atribuindo propriedades antimicrobianas, antioxidantes dentre outras.

Como alimento saudável - o fruto ou o óleo de tucumã são importantes fontes de pró-vitamina A (β-caroteno) e antioxidantes; de vitamina E contendo pelo menos seis tipos de tocoferóis no óleo; vitamina B2 e fitoesterois. Além disso, suas amêndoas são ricas em carboidratos e gordura saturada.

A polpa do tucumã também é usada de diferentes formas, in natura, em pasta ou fatia em recheios de sanduíches, pães e tapiocas ou ainda na forma de polpa em refrescos sorvetes, picolés, néctares, bolos, geléias, cremes e doces.

Diante dessas possibilidades, o tucumã pode sim ser visto como o novo ouro da Amazônia, gerando renda para as comunidades locais e valorizando a região amazônica para o mundo.

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