O agronegócio no Brasil tem se mostrado um dos segmentos econômicos que mais contribuem para o superávit da balança comercial brasileira. Muito dessa representatividade é decorrente da abertura de mercado para nosso agro que vai além da comercialização e exportação de commodities.
Apenas nos três primeiros meses de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) já contabiliza a décima abertura de mercado para o agronegócio brasileiro, com a comercialização de embriões de equinos congelados para a Argentina.
Essa abertura de mercado do agronegócio brasileiro garante uma natural expansão de negócios, resultando no recorde de exportação de produtos do agro.
Recorde de US$ 50,6 bilhões em exportações
Resultado das últimas aberturas de mercado e da boa venda de commodities, o agronegócio brasileiro apresentou excelentes resultados quanto à exportação neste início de ano.
Nos primeiros quatro meses deste ano, as exportações do nosso agronegócio alcançaram recorde de US$ 50,6 bilhões.
Segundo a Dra Andréia Cristina de Oliveira Adami, Pesquisadora do Cepea-Esalq/USP, este volume representa um crescimento de 4,3% na comparação com o mesmo período de 2022, quando as vendas alcançaram US$ 48,53 bilhões.
O produto que mais contribuiu para o avanço do faturamento externo do setor nesse período foi o milho, que apresentou alta de 83,5% na quantidade embarcada e de 3,2% no preço em dólar.
Os produtos do setor sucroalcooleiro, por sua vez, tiveram alta de 6,8% em volume e 18,4% em preço; as carnes de frango e suína tiveram alta no volume embarcado de 14% e 16,4% respectivamente.
Por fim, os produtos do complexo da soja que apresentaram alta de 3,2% nos embarques e de 2% no preço médio de exportação.
“Os produtos do complexo da soja (soja, farelo e grão), representaram a impressionante participação de 45% no valor total gerado com as vendas de todos os produtos do setor ao exterior”, complementa Andréia.
As carnes (bovina, suína e de frango) ficaram na segunda posição com 14% e os produtos do setor florestal (madeira, papel e celulose) em terceiro com participação de 10%.
Bom desempenho é resultado da parceria entre Brasil e China
Para Andréia Adami, o bom desempenho do agronegócio brasileiro se deve, em boa medida, à parceria do Brasil com a China. “Sozinho, o país asiático foi responsável por mais de um terço (35%) do faturamento do agro”, cita.
A dependência do complexo da soja em relação ao país asiático fica ainda mais evidente quando se observa que ele foi responsável por aproximadamente 72% do faturamento gerado com as vendas externas da soja em grãos.
Outros produtos importantes dessa relação bilateral são a carne suína, em que a China representou 41% no valor das vendas externas do produto; carne de frango, cuja participação foi de 19% aproximadamente; carne bovina, 52%; celulose, 42%; pluma de algodão, 12%; e suco de laranja, 5%.
A pesquisadora ressalta que o episódio de mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) ocorrido no período, resultou em uma redução de 22% do volume embarcado para a China por conta do embargo. No entanto, no mesmo período houve aumento das vendas para a Arábia Saudita, Chile e Estados Unidos. “Essas vendas ajudaram a amenizar o efeito da restrição das vendas para o país asiático, o que ajudou a amenizar a queda para o setor e impacto sobre o desempenho do agronegócio no quadrimestre”, complementa Andréia.
Abertura de mercado: novos negócios dão ainda mais representatividade ao segmento
Já passamos pelo primeiro quadrimestre do ano de 2023, e as últimas negociações já resultaram na abertura de mercado para nosso agronegócio.
Segundo o Ministério da Agricultura (MAPA), de janeiro a abril deste ano, houve abertura de novos mercados para os produtos do nosso agronegócio que permitiu habilitações de exportação de uma série de produtos e itens.
Assim, dentre estas muitas aberturas de mercado, a pesquisadora Andréia Adami destaca:
- Algodão para o Egito;
- Bovinos vivos para a Argélia;
- Mucosa intestinal, ovos férteis e aves de um dia para o Chile;
- Sêmen bubalino para o Panamá;
- Embriões de equinos congelados para a Argentina;
- Gelatina bovina para a Malásia;
- Carne suína in natura e carne bovina para o México; e
- Carne de aves para a Polinésia Francesa;
- Subprodutos de origem animal (farinha de proteínas, sangue e gorduras de aves, suínos e bovinos) para a África do Sul.
Além desses mercados, nos últimos anos o Brasil também aumentou suas exportações para vários países árabes do Oriente Médio e Norte da África; da América do Sul, como Chile e Argentina; além de países asiáticos e europeus.
Com a abertura de mercado para os produtos do agronegócio brasileiro houve, segundo a pesquisadora do Cepea/USP, um salto no valor recebido pelos exportadores.
“Entre 2020 e 2022, houve um salto no valor recebido pelos exportadores brasileiros dos produtos do agro da ordem de aproximadamente 60%, já que o valor gerado com as vendas externas do setor passou de aproximadamente US$102 bilhões em 2020 para US$160 bi em 2022”.
Em um comunicado publicado pelo Ministério da Agricultura, o ministro Carlos Fávaro explica que o sucesso das exportações e a abertura de mercado são o resultado do excelente trabalho que está sendo desenvolvido ao longo dos anos.
“É inquestionável o aumento das exportações e da ampliação do portfólio de produtos brasileiros sendo exportados mundo afora. Isso é fruto de uma conjuntura que favorece muito nosso sistema de defesa animal e vegetal, que é muito eficiente, muito competente, o que garante a qualidade dos nossos produtos”, comemorou.
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