Prof. Dr. José Luiz Tejon*
Todos temos uma ideia aproximada da expansão da China, crescendo em média, 9,7% ao ano desde 2000.
A China tem quase 100 firmas dentre as 500 maiores do mundo, e tem o 2° maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, em busca de ser o primeiro.
Sua população de 1 bilhão e trezentos milhões de pessoas, era predominantemente rural, e hoje metade está no campo. Significa 600 milhões de pessoas nas cidades chinesas.
A outra metade precisa ser mantida e suportada em micro e pequenas propriedades rurais com baixíssima produtividade, o que então obriga o governo chinês a taxar produtos de outros países para que possa haver a mínima condição competitiva para os micro e pequenos produtores chineses.
Mesmo assim, no setor de hortaliças, frutas, legumes, pescados e especiarias, a China tem conseguido exportar cerca de US$ 95 bilhões de dólares, ficando ali, cabeça a cabeça com o total das exportações brasileiras.
Enquanto o Brasil vende cerca de US$ 36 bilhões de dólares para a China, seguem os poderosos incômodos das guerras comerciais, onde numa tacada só Donald Trump fala de tirar um pedido de US$ 30 bilhões de uma só vez para os americanos, lá do cliente chinês.
No Brasil, demos saltos e crescemos. Porém, está na hora de parar de olhar só para a carruagem e prestar atenção nos cavalos que a puxam, nas novas locomotivas. Num mundo disruptivo, onde consumidores de tudo o que é originado nos campos quer agora ser educado, informado, seduzido e persuadido pelo conceito de conveniência, de prazer, de saúde, segurança e de natureza.
Assim, o agribusiness, que somadas todas as suas cadeias produtivas, desde a tecnologia que as origina, passando pelos 1 bilhão e meio de produtores rurais do mundo, e indo buscar valor adicionado na agroindústria, serviços, comércio e poderoso marketing, reúne mais de US$ 17 trilhões de dólares, onde o Brasil, somando tudo, fica com algo em torno de US$ 400 bilhões desses dólares.
Logo, podemos perceber que sim, crescemos. Mas somos ainda muito pequenos e não percebidos mentalmente, ou seja, share of mind próximo de zero no valiosíssimo poder de percepção de cidadãos que irão definir mais do que ninguém as legítimas políticas, não agrícolas apenas, mas as políticas de agronegócio.
75% dos consumidores chineses hoje, os principais clientes do Brasil, desconhecem o Brasil e estão insatisfeitos com a qualidade e segurança dos alimentos produzidos por companhias chinesas. Eles querem brands, marcas globais.
Dessa forma, o Brasil precisa olhar todo o contexto, da carruagem, cavalos, cocheiro e a transformação de uma política agrícola por uma nova política de agronegócio.
Seguro rural é sagrado para a independência dos produtores, cada vez mais globalizados. Integrar a agroindústria brasileira, criar marcas, lançar frutas, hortaliças, produtos naturais do Brasil no mundo, é coisa vital.
*Jornalista, publicitário, mestre em arte e cultura com especializações em Harvard, MIT e Insead e doutor em Educação pela Universidad de La Empresa/Uruguai. Colunista da Rede Jovem Pan, autor e coautor de 33 livros. Coordenador acadêmico de Master Science em Food & Agribusiness Management pela AUDENCIA em Nantes/França e professor na FGV In Company. Considerado uma das 100 personalidades do agronegócio pela Revista Isto é Dinheiro. Homenageado pela Massey Ferguson como destaque no agrojornalismo brasileiro 2017. Conferencista com Prêmio Olmix – Best Keynote Speaker/Paris e Top Of Mind Estadão RH. Presidente da TCA International e Diretor da agência Biomarketing.
Copyright © 2021. All rights reserved. Informa Markets (UK) Limited. A reprodução total ou parcial dos conteúdos só é permitida com citação da fonte.