Até a safra 2018/19, o Brasil deve chegar a 3,25% de aumento do cultivo da cana-de-açúcar e colher 47,34 milhões de toneladas do produto, o que corresponde a um acréscimo de 14,6 milhões de toneladas num período de dez anos, aponta o Ministério da Agricultura. Toda essa pujança logo acende o alerta amarelo para os métodos produtivos e de ampliação da cultura, principalmente em relação a queimada e qualidade do solo. Por isso, pesquisadores, entidades setoriais e governo têm lançado esforços em direção a práticas e tecnologias sustentáveis da plantação à usina.
Rotação de culturas, manejo integrado de pragas e utilização correta dos subprodutos da indústria como fonte de adubação orgânica são exemplos de boas práticas para o cultivo sustentável da cana
No campo governamental, a política nacional para o setor orienta a expansão com base em critérios ambientais, econômicos e sociais por meio do programa ZAEcana (Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar). Um estudo estipula áreas propícias ao plantio com base nos tipos de clima, solo, biomas e necessidades de irrigação. Além disso, um calendário propõe a redução gradual da queimada em áreas onde a colheita é mecanizada, até 2017.
Gerente de Desenvolvimento de Produto do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Mauro Violante avalia que esse tipo de colheita sem o uso do artifício da queima para a eliminação da palha é a principal inovação para evitar o uso de fogo no canavial, diminuindo a emissão de gases do efeito estufa. “Além disso, ocorre a diminuição da mão de obra no trabalho exaustivo, tornando uma parte dos colaboradores mais capacitados a operar diferentes máquinas.”
Paralelamente a esse método existem outras recomendações de boas práticas para o cultivo sustentável da cana ajudam a manter e até mesmo melhorar as características físico-químicas e biológicas do solo. O agricultor pode apostar em rotação de culturas, sistematização e conservação do solo, manejo integrado de pragas, controle biológico e utilização correta dos subprodutos da indústria como fonte de adubação orgânica.
Fator preponderante para manter a posição do Brasil como maior exportador de açúcar do mundo, o melhoramento genético também contribui para a sustentabilidade. Isso porque ele permite atingir mais produtividade em uma mesma unidade de área produtiva. “É também possível desenvolver e selecionar variedades que se adaptem a condições mais adversas ao cultivo como, por exemplo, pastagens degradadas, regiões com alto déficit hídrico, solos com alto teor de alumínio e deficiência nutricional”, pontua Violante.
Passando do campo para a usina, resultados positivos também têm sido alcançados. De acordo com análise da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), nos últimos 40 anos, a taxa média de captação de água para a utilização industrial foi reduzida em quase 95%, proporcionada por investimentos em reúso de água por meio de tratamento e recirculação, otimização do balanço hídrico industrial e adoção de novas tecnologias como a limpeza a seco da cana.
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