Líder no ranking mundial, o Brasil é referência na produção de soja. Segundo dados da Conab de 2021, a safra nacional totalizou mais de 135 milhões de toneladas em uma área de 38,502 milhões de hectares.
No quesito exportação, a soja brasileira é também protagonista. Nos dois primeiros meses de 2022, por exemplo, o país embarcou 9,7 milhões de toneladas, contra 2,7 milhões em 2021, estabelecendo um novo recorde para o período.
Mas, mesmo com números recordes, ainda há espaço para melhorias na produção de soja no Brasil, principalmente em relação ao ganho em produtividade. Por isso, convidamos dois especialistas da área para falar sobre o que afeta o potencial de produção no plantio de soja e o que fazer para aumentar a produtividade das lavouras:
Fatores que afetam a produtividade no plantio de soja
Na agricultura atual, muitos fatores podem interferir e elevar o potencial produtivo de uma lavoura de soja. Everton Hiraoka, líder de Desenvolvimento de Mercado de Soja na Bayer, lista alguns fatores e ferramentas que elevaram a produtividade da soja nas últimas décadas:
- Revolução biotecnológica e maior disponibilidade de variedades no campo;
- Uso de formulações inovadoras de proteção de cultivo;
- Difusão das soluções digitais na agricultura.
“Essas ferramentas, desde que bem aplicadas, devem propiciar novos saltos de produtividade nos próximos anos”, complementa Hiraoka.
Em contrapartida, há outros fatores que podem comprometer o potencial produtivo das plantações de soja, tais como:
- Intempéries climáticas;
- Escolha incorreta da janela de plantio;
- Manejo agrícola ineficiente (pragas, doenças e plantas daninhas);
- Falta de correção do solo; e
- Falha na rotação de culturas.
Aqui, vale citar o desafio sofrido por produtores da região sul do Brasil quanto às chuvas na região. Giovani Theisen, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, explica que as chuvas de verão que ocorrem nessa região nem sempre são suficientes para suprir as lavouras de soja em um nível em que o plantio expresse seu total potencial produtivo.
“É uma dicotomia. Quando chove, há risco de encharcamento, e quando o tempo é seco, os solos são muito secos, e oferecem baixa capacidade de prover umidade adequada à cultura. Muita pesquisa temos feito no sentido de melhorar estes aspectos”, completa o pesquisador.
5 dicas para aumentar a produtividade no plantio de soja
Uma das primeiras ações de manejo para aumentar a produtividade da plantação de soja deve ser o acompanhamento profissional da lavoura. “À medida que as tecnologias inovadoras avançam, é exigido um nível maior de conhecimento e atenção, e nada melhor do que ter um profissional capacitado para isso”, opina Everton Hiraoka.
Além disso, Hiraoka ressalta que o produtor não pode depositar em uma única ação de manejo toda a responsabilidade pelo sucesso da safra. “O conjunto de práticas adequadas é o que fará a diferença no final”, diz.
Veja, a seguir, quais são as estratégias e manejos que permitem aumentar a produtividade no plantio de soja:
1. Adote práticas de agricultura conservacionista
Os solos, via-de-regra, são difíceis de trabalhar: quando molhados, ficam muito pegajosos e encharcados; e, quando secos, são bastante “duros” e compactados. Uma forma de atenuar essa característica é aumentando o teor de matéria orgânica do solo.
Entretanto, o pesquisador da Embrapa ressalta que esse aumento ocorre de forma lenta, e depende da implantação de sistemas de agricultura conservacionista. “Gradativamente os produtores vêm adotando cultivos conservacionistas, como o plantio direto, entretanto o excesso 'natural' de umidade dos solos é um fator que por vezes dificulta a plena adoção destas formas de cultivo”, diz Theisen.
Esses fatores contribuem não só para melhorar a produtividade de soja por hectare, mas também para tornar a colheita mais eficiente, sustentável e rentável.
2. Faça o planejamento da safra
Além das práticas de agricultura conservacionista, uma das primeiras etapas para garantir um bom resultado produtivo no plantio de soja é o planejamento da safra e o uso de ferramentas digitais que facilitam, organizam e ajudam a entender as prioridades e estratégias a serem adotadas.
Entre as decisões dentro desse planejamento, Hiraoka explica que o produtor deve:
- Definir as culturas a serem semeadas em rotação (atentando-se para a criação de uma boa palhada para proteger o solo);
- Optar por uma data de semeadura com base no calendário de plantio da soja;
- Escolher cultivares adaptadas para a região (clima, doenças e pragas);
- Optar por variedades com ciclos diferentes (super precoce, precoce e ciclo normal).
“Essas medidas permitem melhor escalonamento na colheita, compra e armazenamento adequado dos insumos, além do manejo adequado de defensivos conforme recomendação técnica”, indica o líder de Desenvolvimento de Mercado de Soja na Bayer.
3. Cuidados com o solo devem ser redobrados
O cuidado com o solo é outro fator fundamental para garantir não só a boa sanidade da lavoura de soja, mas também para contribuir diretamente no incremento produtivo. Cabe ao produtor optar por uma cobertura adequada do solo (palhada), que melhora o enraizamento das plantas e a busca por nutrientes, evitando assim a compactação do solo e as erosões.
Vale destacar também a importância da correção do solo, baseado na análise de nutrientes, que minimiza o desperdício de insumos e gastos desnecessários no plantio de soja.
4. Escolha sementes de qualidade para a plantação de soja
Além da escolha por cultivares adequadas para cada região produtora e dos ciclos diferentes para garantir o escalonamento, Hiraoka ressalta que o produtor deve se atentar à qualidade das sementes de soja adquiridas.
“A qualidade da semente é fundamental para garantir uma distribuição homogênea do estande de plantas, além de boa sanidade das plantas e, consequentemente, altas produtividades”, comenta o especialista.
5. Nunca negligencie o manejo de pragas no plantio de soja
O manejo de pragas e doenças durante a safra também pode ser um diferencial para garantir a boa rentabilidade do produtor rural na sojicultura. Mas, antes de qualquer ação, é importante consultar um engenheiro agrônomo, fazer o monitoramento recorrente das lavouras e, somente então, definir as estratégias de controle com defensivos químicos e biológicos, garantindo assim a boa sanidade e a sustentabilidade ambiental e econômica no plantio da soja.
Para Theisen, essa última recomendação é fundamental. Segundo o pesquisador, no manejo de insetos e fungos ainda se veem casos de aplicações desnecessárias, fora do momento ideal ou com produtos e misturas inadequadas. “Treinamento é a palavra-chave nesse aspecto”, ele finaliza.
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