Considerada a pior praga da citricultura, o greening, também conhecido como HLB, vem avançando de forma acelerada nos pomares de laranja em São Paulo, atingindo quase quatro a cada 10 plantas.
Essa constatação foi feita por um recente estudo do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura). O estudo aponta que a doença cresceu 56% em apenas um ano no cinturão citrícola formado pelo interior paulista e pelo Triângulo/Sudoeste Mineiro.
Diante do rápido crescimento do greening em pomares de laranja, conversamos com Eduardo Sanches Stuchi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Ele fará uma abordagem geral sobre o que é essa praga e quais são as estratégias de manejo do greening.
A presença dessa praga em pomares cresceu 56% em apenas um ano!
Considerada a principal praga da citricultura, o greening apresentou um rápido avanço nos pomares de São Paulo que, junto com o cinturão citrícola de SP e MG, corre muitos riscos.
Dados de um estudo do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), sediado em Araraquara, mostra que boa parte dessa produção está seriamente afetada pelo greening.
O estudo aponta que a doença cresceu 56% em apenas um ano no cinturão citrícola formado pelo interior paulista e pelo Triângulo/Sudoeste Mineiro.
Em 2022, a doença atingia 24,42% das plantas. Mas, um ano depois já está presente em 38,06% de um total de 202,88 milhões de laranjeiras existentes no parque citrícola.
A Fundecitrus destacou no estudo que em cinco regiões a incidência passa de 50%. Limeira é a que mais sofre, com 73,87% das plantas infectadas, seguida por Brotas (68,53%), Porto Ferreira (59,65%), Duartina (55,66%) e Avaré (54,79%).
O que é o greening? E por que a praga da laranja é motivo de grande preocupação?
O greening foi descrito na China no final do século XIX com o nome de doença do ramo amarelo (em chinês, huanglongbing, daí a sigla pela qual é conhecido: HLB).
No Brasil, Eduardo Stuchi explica que a doença está associada à bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas), que é transmitida por um pequeno inseto, o psilídeo asiático dos citros (ACP), Diaphorina citri.
“Estudos mostram que todas as espécies de citros, caso da laranja, são suscetíveis a ela, com diferentes intensidades de danos”, complementa.
Por muito tempo, essa foi uma doença que ficou restrita à China e a países do Oriente Médio e África, principalmente África do Sul, porém passou a ser relatada nas Américas nos anos 2000 e desde então vem causando muita preocupação.
O pesquisador da Embrapa destaca que o greening é a pior doença dos citros que o mundo enfrenta hoje, tanto que praticamente destruiu a citricultura da Flórida. “Das cerca de 250 milhões de caixas que os floridianos tinham capacidade de produzir, só se produz ao redor de 20 milhões de caixas”.
E o mais impressionante: Essa drástica queda na Flórida ocorreu em um intervalo de menos de 20 anos.
Alguns fatores explicam a rápida ascensão da doença no cinturão citrícola brasileiro
Segundo pesquisadores e analistas, a incidência dos insetos responsáveis pela disseminação do greening tem aumentado de forma exponencial.
Mas, segundo Stuchi alguns são os fatores que contribuíram com essa rápida disseminação, com destaque para dois pontos:
- Não houve a eliminação de plantas doentes nos pomares em exploração e muito menos nos pomares abandonados devido aos danos do greening;
- O controle do vetor foi muito ineficiente, devido a falhas operacionais diversas. “O uso excessivo de certos inseticidas levou a espécie vetora a adquirir resistência a vários produtos, seja de um mesmo grupo químico seja de grupos distintos, aumentando sua população”, salienta o pesquisador.
Importante reforçar também que essa é uma doença que ataca todos os tipos de citros e não há, até o momento, nenhuma estratégia de cura para as plantas contaminadas. Árvores jovens afetadas não produzem, enquanto as adultas em fase produtiva enfrentam queda prematura de laranjas e definham com o passar do tempo.
É fundamental melhorar a qualidade do manejo de pomares
Como já salientado, o greening é uma doença que não tem uma medida eficaz de controle. O que se pode fazer é manejar o pomar de forma a permitir seu estabelecimento e sua manutenção em nível economicamente viável.
Segundo o pesquisador, o manejo dessa doença se baseia em três pontos:
- uso de muda sadia;
- Eliminação de plantas doentes - “O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo”, Mateus 3:10, cita Stuchi; e
- Controle do vetor de forma coordenada, especialmente com o uso dos melhores processos e práticas culturais.
Emergencialmente, o pesquisador explica que cooperativas, associações e produtores estão buscando a otimização do manejo.
“Isso passa pela adequação do controle do vetor, com o emprego de inseticidas em rotação para evitar a resistência do psilídeo aos produtos, e ajuste das operações de pulverização para uma maior eficácia”.
Porém, sem a eliminação de plantas doentes, Stuchi explica que as dificuldades vão se manter.
Nesse sentido foi criado o Comitê Estadual de Combate ao Greening que prevê uma grande campanha de conscientização e orientações em relação à doença, fiscalização de pomares abandonados e fortalecimento da pesquisa para aprimoramento do controle (curto e médio prazo) e soluções duradouras (longo prazo).
Confira este artigo da Agrishow Digital e veja dicas para evitar os erros mais comuns durante a poda de citros
Copyright © 2021. All rights reserved. Informa Markets (UK) Limited. A reprodução total ou parcial dos conteúdos só é permitida com citação da fonte.