Agrishow faz parte da divisão Informa Markets da Informa PLC

Este site é operado por uma empresa ou empresas de propriedade da Informa PLC e todos os direitos autorais residem com eles. A sede da Informa PLC é 5 Howick Place, Londres SW1P 1WG. Registrado na Inglaterra e no País de Gales. Número 8860726.

Sitemap


Articles from 2023 In November


Agricultura regenerativa: entenda o que é e como adotar

Article-Agricultura regenerativa: entenda o que é e como adotar

Agricultura regenerativa entenda o que é e como adotar.jpg

Vista por muitos como um caminho para a redução dos impactos ambientais, a agricultura regenerativa é uma técnica de proteção da fertilidade do solo usada por muito tempo, mas que está voltando assessorada pelas tecnologias atuais.

Essa é uma técnica que se propõe a melhorar a saúde do solo e promover a biodiversidade da área, melhorando o ciclo da água e sequestrando carbono ao mesmo tempo que produz alimentos nutritivos de forma lucrativa.

Essa é uma técnica cada vez mais utilizada por produtores de café em diversas regiões produtoras do país. Exatamente por isso, convidamos o Dr. Antonio Fernando Guerra, chefe-geral da Embrapa Café, para falar sobre a agricultura regenerativa, seus benefícios e sua aplicabilidade no agronegócio.

Agricultura regenerativa: saúde dos recursos naturais em primeiro lugar!

Termo criado pelo americano Robert Rodale, em 1983, a agricultura regenerativa é uma forma de conduzir a agricultura por meio de técnicas agrícolas com o objetivo de reabilitar e conservar os sistemas produtivos e alimentares, com foco principal na regeneração e conservação do solo.

Assim, o conceito tem forte ênfase na possibilidade de continuar produzindo e gerando frutos durante a recuperação, ou seja, além de visar a produção de alimentos, a agricultura regenerativa foca também na recuperação e a regeneração dos sistemas produtivos.

Para isso, essa técnica se baseia na agricultura orgânica, mas prioriza práticas de saúde do solo e gestão da terra, que são base da agricultura moderna.

A agricultura regenerativa olha a saúde dos recursos naturais como prioritários no sistema produtivo. Nesse modelo, busca-se a recuperação de áreas degradadas, investindo na saúde do solo, com retenção de água, incorporação de carbono e ciclagem de nutrientes”, complementa Antonio Guerra.  

Para além da sustentabilidade ambiental, a agricultura regenerativa remete ao tripé da sustentabilidade, olhando também a questão social e econômica na produção.

Técnicas utilizadas na agricultura regenerativa

A agricultura regenerativa é uma forma de produzir alimentos com o mínimo de impacto, visando menor interferência possível nos sistemas agrícolas.

Para isso, essa técnica prega a não utilização de fertilizantes sintéticos e defensivos agrícolas, o não revolvimento do solo e a maior diversidade de plantas possíveis integradas com o ambiente como um todo.

O pesquisador da Embrapa Café salienta que a quantidade de técnicas que os produtores podem empregar para atuarem num modelo regenerativo é bastante grande. “A escolha da técnica vai depender do estágio de cada propriedade, mas de modo geral, algumas são as práticas mais empregadas”.

Entre as práticas regenerativas mais recorrentes, se destacam:

  • Rotação de culturas, caso da rotação de lavouras de cana-de-açúcar com soja, crotalária ou amendoim;
  • Plantio direto: técnica que envolve o não revolvimento do solo, manutenção da palhada na superfície do solo e rotação de culturas, que são amplamente difundidos no Brasil;
  • Consórcios: técnica representada pelo cultivo intercalado de duas ou mais espécies ao mesmo tempo na área. Ex: milho-braquiária;
  • Tecnologias de fertilização – fazem uso de fertilizantes organominerais, pó de rochas, biochar, entre outros – em detrimento aos fertilizantes minerais;
  • Compostagem: uso de materiais orgânicos - como restos de plantas e esterco animal decompostos - para fornecer nutrientes às plantas de uma forma mais sustentável;
  • Uso de bioinsumos: São produtos naturais, como biofertilizantes e biopesticidas, que auxiliam no manejo de doenças e pragas de forma menos prejudicial ao meio ambiente. Esses produtos são derivados de micro-organismos benéficos e substâncias naturais;
  • Sistemas de integração, como a integração de animais nos sistemas produtivos.

Técnica que tem tudo para ganhar espaço no futuro da agricultura

Quando bem aplicada, a agricultura regenerativa caminha em conjunto com a demanda mundial por tecnologias mais sustentáveis que atendam às necessidades de produção de alimentos e ao mesmo tempo contribua com a redução de impactos negativos.

Neste cenário, o chefe-geral da Embrapa Café destaca que os mercados estão cada vez mais atentos e exigentes em relação à forma que os produtos que eles consomem são produzidos.

Essa exigência causa uma pressão em toda a cadeia produtiva, não só na indústria, mas também no agro, forçando mudanças nos sistemas de produção para que todos se mantenham competitivos”.

Além disso, cada vez mais os produtores entendem a necessidade de estabelecer sistemas sustentáveis com potencial para a regeneração dos recursos naturais de modo a conviver com mudanças no clima, sem os quais não sobreviverão e a agricultura regenerativa atende todos os pré-requisitos.

café na agricultura regenerativa

Produção cafeeira: o melhor case de sucesso da agricultura regenerativa

Na atualidade, os consumidores têm exigido sistemas produtivos cada vez mais sustentáveis. Neste caso, Antonio Guerra explica que a produção de café é muito exigente. 

O café é uma cultura perene. Isso leva o produtor a ter uma relação longa com a planta e com o ambiente em que ela está inserida. Os cafeeiros só produzem em ramos novos, portanto necessitam ser podadas de tempo em tempo para se manterem produtivos”. 

Nesse processo de podas, há a incorporação de materiais orgânicos, resultando em significativo sequestro de carbono do sistema produtivo.

Além disso, o custo de implantação de uma lavoura de café é alto e o produtor tem que fazer um bom manejo para manter essa planta saudável e produtiva por muitos anos. 

O chefe-geral da Embrapa Café ainda destaca que a cafeicultura é majoritariamente realizada pela agricultura familiar, com produtores que se organizam em associações e cooperativas para melhorar a produção e para vender seus produtos. 

Esse modelo é bastante positivo para se estabelecer práticas sustentáveis, com a utilização de tecnologias, que são resultado de anos de pesquisa, inclusive com base na agricultura regenerativa”.

Neste contexto, Guerra destaca que a Embrapa Café coordena um consórcio que agrega mais de 40 instituições de pesquisa, dentre elas centro de pesquisa da própria Embrapa, universidades, organizações estaduais de pesquisa, instituições privadas, dentre outras. “São mais de mil profissionais voltados a estabelecer uma cafeicultura cada vez mais produtiva e sustentável”, diz.

O pesquisador também explica que no Brasil, o café é o produto agrícola com maior número de Indicações Geográficas (IG). “Para conseguir o registro de uma IG é necessário cumprir vários requisitos, muitos deles relacionados ao tripé da sustentabilidade”. 

Segundo Guerra, este é um bom exemplo que podemos dar em relação aos resultados de uma produção preocupada com a sustentabilidade e consequentemente com a qualidade de seu produto.

Já conseguimos feitos gigantescos, a participação brasileira na produção mundial, de acordo com a Organização Internacional do Café (OIC), passou de 19%, em 1997, para em torno de 30%, em 2022, sendo que a área destinada ao cultivo encolheu em 20%, no mesmo período”, finaliza.

Diante disso, a ideia é que cada vez mais as boas práticas de agricultura regenerativa estejam unidas às novas tecnologias, contribuindo para a redução da emissão dos gases de efeito estufa, economia de água, diminuição na aplicação de agroquímicos e garantindo uma produção mais sustentável.

Aproveite para conhecer a nova técnica que potencializa o uso de biocarvão como fertilizante agrícola.

Crédito de carbono: o que é e como funciona sua comercialização?

Article-Crédito de carbono: o que é e como funciona sua comercialização?

shutterstock_2141672281.jpg

Com o avanço das medidas ESG, você provavelmente já se deparou com o termo crédito de carbono, que é uma das iniciativas sustentáveis adotadas pelas empresas. 

Basicamente, um crédito de carbono é um certificado que representa uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera, contribuindo com a diminuição do efeito estufa.

Mas, o termo é muito mais complexo que isso e merece ser conhecido pelo agronegócio. É preciso entender o que são estes certificados, como eles são comercializados e quais são seus desafios.

O que é um crédito de carbono?

De forma resumida, o crédito de carbono é a “moeda” utilizada no mercado de carbono. Estes créditos surgiram como conceito a partir do protocolo de Kyoto, em 1997, para compensar as emissões de GEE.

Em geral, cada unidade de crédito de carbono é igual a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases que deixou de ser emitida”, explica Lucas Pimenta, fundador e CEO da Folha de Louro, que é uma Climate Tech focada em Assessoria ESG.

Estes créditos são certificados por agências reguladoras e resultam de projetos de mitigação da emissão de gases do efeito estufa, como reflorestamento, energia renovável e eficiência energética. 

Para comercializar estes créditos, existe o mercado de carbono. Este é um mecanismo financeiro criado para transformar a sustentabilidade em um ativo econômico, tornando práticas ambientalmente positivas também financeiramente viáveis. 

Sem essa abordagem, a sustentabilidade poderia não ser tão amplamente adotada, pois poluir ou desmatar é muitas vezes economicamente vantajoso”, complementa Pimenta.

Como comercializar créditos de carbono?

No cenário atual, onde a sustentabilidade é tema central nos planos de negócios das empresas, muitos países e regiões têm adotado políticas para controlar as emissões de gases de efeito estufa (GEE). 

Isso levou à criação de sistemas de "cap and trade" (limitação e comércio) ou limitação de emissões para várias indústrias. Empresas nessas áreas são atribuídas com cotas de emissão - um limite máximo de GEE que podem emitir. Essas cotas fazem parte do mercado regulado.

Assim, Lucas Pimenta destaca que as empresas que excedem suas cotas de emissão no mercado regulado podem comprar créditos de carbono para compensar suas emissões excedentes. 

Esses créditos são originados de projetos de redução de emissões, como reflorestamento, energia renovável, ou captura de metano de aterros sanitários. Enquanto isso, empresas que conseguem reduzir suas emissões abaixo de suas cotas podem vender créditos excedentes”.

Há também o mercado voluntário de carbono. Neste mercado, empresas e indivíduos podem optar por compensar suas próprias emissões de GEE, mesmo que não sejam obrigados por regulamentações. 

No mercado voluntário, as empresas podem comprar créditos de carbono para compensar suas emissões como parte de seus esforços de responsabilidade ambiental ou para atender às demandas dos consumidores que valorizam a sustentabilidade”, salienta o fundador e CEO da Folha de Louro.

Por exemplo, uma fábrica com cotas reguladas de emissão que emite mais carbono do que sua cota permitida pode adquirir créditos de carbono de uma fazenda que captura carbono por meio do plantio de árvores. 

Isso permite à fábrica compensar suas emissões excedentes, enquanto a fazenda é recompensada financeiramente pelos créditos gerados pela redução de emissões.

Tanto o mercado regulado quanto o voluntário oferecem oportunidades para empresas compensarem suas emissões de GEE e incentivam a implementação de práticas mais sustentáveis, seja por necessidade de cumprir regulamentações ou por iniciativa própria em direção à sustentabilidade”, complementa Pimenta.

Agronegócio: grande beneficiado do mercado de carbono

Já faz algum tempo que o agronegócio vem adotando várias estratégias e manejos para tornar a produção mais sustentável e ambientalmente limpa.

Neste contexto, Lucas Pimenta explica que as práticas sustentáveis, como o manejo florestal, plantio direto, agricultura regenerativa, plantas de cobertura, agroflorestas, são algumas das técnicas agrícolas de baixa emissão de carbono, que podem resultar também na geração de créditos de carbono. 

Esses créditos representam uma valiosa moeda no mercado de carbono e podem ser vendidos, transformando-se em uma nova e significativa fonte de receita para os produtores”.

Segundo o especialista, essa oportunidade de comercializar créditos de carbono tem um impacto substancial no setor agrícola. “Produtores são incentivados não só a adotar métodos mais ecológicos, mas também a considerar a geração de créditos de carbono como parte integral de sua produção”. 

Pimenta destaca que isso não se limita mais à plantação tradicional de culturas como soja, milho ou café, mas inclui a visão de que cada cultivo também representa uma oportunidade de sequestrar carbono da atmosfera.

É como se, além de cultivar alimentos ou culturas comerciais, os produtores estivessem também cultivando um ativo ambiental valioso: o carbono”. 

Por consequência, essa nova perspectiva contribui para a mitigação das mudanças climáticas e também fortalece a posição dos produtores no mercado ao diversificar suas fontes de renda e promover práticas mais sustentáveis e lucrativas. 

É uma mudança de paradigma onde o campo agrícola se transforma não apenas em um local de produção, mas em um importante ativo na luta contra as mudanças climáticas”, salienta Pimenta.

Apesar das possibilidades, ainda há desafios!

Como destacado por Lucas Pimenta, muitas são as possibilidades da comercialização de crédito de carbono para agentes do agronegócio. No entanto, há alguns desafios que ainda precisam ser superados.

Para o Brasil, um dos maiores desafios é a falta de compreensão das empresas sobre o assunto, bem como a necessidade de levar projetos até o fim, dentro do prazo e com custo satisfatório, para que possam se transformar em recursos financeiros no futuro.

Outro desafio destacado por Pimenta é a ainda baixa padronização dos créditos e a criação de regulamentações claras. “Esses são fatores que certamente afetam a credibilidade desses créditos no mercado nacional”, afirma.

No entanto, o CEO da Folha de Louro ressalta que há uma tendência positiva, já que empresas e governos estão cada vez mais focados na sustentabilidade. 

O futuro parece promissor, com uma crescente demanda por crédito de carbono e a participação do agronegócio pode ser crucial para reduzir as emissões globais de carbono”. 

Para que isso se confirme, o mercado de carbono precisa se manter em constante evolução e aprimoramento, com a necessidade de regulamentações mais sólidas e práticas mais confiáveis para garantir a eficácia na redução das emissões.

Aproveite para conhecer quais são os incentivos e certificações sustentáveis e como eles ajudam produtores rurais

Conflito no oriente médio pode impactar a produção recorde de cana-de-açúcar no Brasil

Article-Conflito no oriente médio pode impactar a produção recorde de cana-de-açúcar no Brasil

Conflito no oriente médio pode impactar a produção recorde de cana-de-açúcar no Brasil.jpg

A agricultura brasileira é uma grande produtora de cana-de-açúcar. Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional para a safra 2023/24 está estimada em 637,1 milhões de toneladas, volume 4,4% maior que a safra anterior.

Esse incremento é influenciado por muitos fatores de ordem agrícola, mercadológica e internacional. A guerra entre Israel e o Hamas, os efeitos do El Niño e a alta do preço do petróleo, são alguns pontos que explicam esse crescimento.

Consequentemente, muitas oportunidades se abrem para o segmento canavieiro, com melhores preços e usinas ampliando a moagem de cana-de-açúcar para além do período tradicional.

Números crescentes do segmento canavieiro

Como já destacado, a produção de cana-de-açúcar na safra 2023/24 deverá ter um crescimento de 4,4% em relação ao ciclo 2022/23, sendo estimada em 637,1 milhões de toneladas.

Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) indicam que até o final de outubro, as unidades produtoras do Centro-Sul processaram 560,54 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume que representa aumento de 14,06% em relação ao mesmo período do ciclo anterior (abril a outubro).

De acordo com a Conab, a fabricação de açúcar deverá chegar a 38,77 milhões de toneladas, sendo a segunda maior já registrada na série histórica, perdendo apenas para a temporada de 2020/21, com uma produção de 41,25 milhões de toneladas. 

Ainda assim, a produção do etanol também deverá crescer 5,9% quando comparado com o ciclo anterior, podendo chegar a 33,17 bilhões de litros. Desse total, 14,26 bilhões de litros serão de etanol anidro e 18,91 bilhões de litros de etanol hidratado. 

Principais fatores que podem beneficiar o segmento de cana-de-açúcar

A produção e moagem da cana-de-açúcar é influenciada por diversos fatores, alguns mercadológicos e outros climáticos. 

No atual contexto, muitos são os fatores que influenciam a produção de cana-de-açúcar aqui no Brasil, caso da guerra entre Israel e Hamas, o fenômeno El Niño e alta no preço do petróleo.

Veja mais sobre estes fatores e entenda como eles podem contribuir com o setor canavieiro brasileiro.

1 - Guerra entre Israel e Hamas 

A guerra entre Israel e o Hamas e uma possível escalada do conflito no Oriente Médio tem afetado o mercado do petróleo. Um dia antes do ataque terrorista do Hamas, em 06 de outubro, o barril do Brent era cotado em US$ 84,07 e chegou a US$ 93,76 em 20 de outubro. 

Alguns especialistas indicam a possibilidade de os preços ultrapassarem os US$ 100/barril, a depender do andamento da guerra.

Diante disso, a UNICA destaca que em qualquer mercado, os choques negativos na oferta acabam por elevar os preços recebidos pelos produtores. 

No caso da Cana-de-açúcar, o Brasil se encontra em uma posição privilegiada neste ciclo de colheita, uma vez que, ao contrário dos principais produtores mundiais de açúcar, está vislumbrando condições bastante adequadas para a produção”.

2 - Alta nos preços do petróleo

A possibilidade de alta no preço do petróleo pode elevar os preços do diesel (custos de produção) e da gasolina. Tal fato pode estimular a escolha do etanol hidratado vis-à-vis a fonte fóssil. Em setembro, por exemplo, as vendas do hidratado cresceram 14,6%.

3 - Efeitos do El Niño

O El Niño é um fenômeno climático que tem como principal consequência para as regiões produtoras do Centro-Sul o aumento da temperatura média e do índice pluviométrico nos meses de inverno e primavera, que são relativamente mais secos e mais favoráveis para operacionalização da colheita. 

Para a ÚNICA, a conjunção do El Niño com a condição produtiva favorável, que vem sendo observada no ano de 2023, faz com que o maior risco derivado do fenômeno seja a possível falta de tempo para colheita de toda cana disponível.

4 - Mercado global de açúcar

Produtores e usinas de cana-de-açúcar também devem ter atenção com o mercado global de açúcar, com destaque para alguns pontos: 

  • Novas restrições da Índia para exportações do produto em período pré-eleitoral; 
  • Atrasos no transporte (logística e chuvas) e no embarque (portos sobrecarregados) do açúcar brasileiro; 
  • Previsão de baixa na moagem de cana-de-açúcar em 2023/24 na Ásia (especialmente China e Tailândia); e 
  • Movimentações das usinas em relação a fixação de preços para o próximo ciclo.

Diante destes acontecimentos que estão ocorrendo tudo ao mesmo tempo, o mercado de cana-de-açúcar ainda possui muitas indefinições, mas tudo indica que várias oportunidades se apresentarão ao produtor brasileiro de cana, beneficiando o segmento.

Crescimento da produção estenderá o tempo de moagem nas usinas

Diante da produção recorde na temporada 2023/24, as usinas brasileiras da região centro-sul terão que ampliar a moagem de cana-de-açúcar para além do período tradicional. 

Segundo especialistas da UNICA, essa ação possui muitas vantagens, mas há também desvantagens que merecem grande atenção do segmento.

A vantagem associada ao alongamento é o aumento da produção de açúcar e etanol ainda nesta safra. “Tal fato permite às usinas aproveitarem as condições de mercado favoráveis no momento”, diz a UNICA.

As desvantagens estão relacionadas ao menor tempo para realização de manutenções nos equipamentos durante a entressafra.

Há também o risco de operacionalização da colheita em condições menos favoráveis, em função do maior índice pluviométrico dos meses de verão, que podem levar a problemas de compactação de solo, prejudicando a rebrota da cana soca. 

Também pode ocorrer a redução no rendimento industrial devido à cana-de-açúcar colhida fora do período seco ter menor teor de açúcares.

Mas, de forma geral, especialistas da UNICA destacam que o açúcar tem remunerado de forma mais satisfatória as usinas, o que as têm incentivado a destinar uma maior parcela do ATR para a produção do adoçante. 

Há de se ressaltar, todavia, que devido à produtividade elevada desse ano safra, essa condição não impede que a oferta de etanol avance em relação àquela observada no ano passado.

Aproveite para continuar acompanhando a Agrishow Digital e conferir outros artigos sobre cana-de-açúcar.

Prenhez precoce da pecuária de corte: conheça o protocolo P14

Article-Prenhez precoce da pecuária de corte: conheça o protocolo P14

Prenhez precoce da pecuária de corte conheça o protocolo P14.jpg

Na pecuária de corte, a precocidade é um dos mais importantes parâmetros de escolha para alcançar maior eficiência dos sistemas de produção. Para isso, adotar protocolos que busquem a prenhez precoce é motivo de muitas pesquisas.

A Embrapa, por exemplo, acaba de disponibilizar aos pecuaristas o Protocolo Embrapa +Precoce P14, ou simplesmente, P14, que foi testado e validado por anos em fazendas comerciais.

Desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Embrapa, essa tecnologia possibilita trabalhar com fêmeas bovinas da raça Nelore, com idade entre 12 e 16 meses de idade e com índices adequados de fertilidade e produtividade. 

Seleção de animais com prenhez precoce: fundamentais na pecuária de corte

A precocidade é um dos parâmetros mais importantes para promover melhorias da qualidade da carne e de eficiência de sistemas de produção de bovinos de corte. 

Além de ampliar a taxa de vacas prenhas, esse é um parâmetro que acelera o alcance de peso corporal no início da idade reprodutiva.

E é com o foco de aumentar a taxa de prenhez precoce que pesquisadores da Embrapa desenvolveram o protocolo +Precoce P14, voltado à precocidade sexual de novilhas.

Após quatro anos de experimentos, validações na Embrapa e em fazendas comerciais, conseguimos fechar esse protótipo de protocolo, com indicações genéticas, reprodutivas, nutricionais, de manejo e sanitárias voltadas à precocidade sexual de novilhas”, explica Eriklis Nogueira, pesquisador em reprodução da Embrapa Pantanal (MS).

Os primeiros resultados mostram que as fêmeas bovinas conseguiram ser emprenhadas na primeira estação de monta após a desmama, ao redor dos 14 meses, sem afetar o desempenho produtivo.

Segundo os pesquisadores da Embrapa, a recomendação deste protocolo é para propriedades com certo nível de tecnificação, sistema produtivo de cria e situadas nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, principalmente. Também pode ser adaptado e aplicado a outras raças.

prenhez precoce.jpg

Passo a passo do novo protocolo P14

Para alcançar as metas de prenhez precoce previstas pelos pesquisadores, alguns passos são recomendados pelo novo protocolo, com destaque para os seguintes pontos:

1 - Desmama

O primeiro ponto a ser observado é a desmama. O protocolo recomenda que o pecuarista dê prioridade a vacas com bom histórico (materno e paterno) reprodutivo e de precocidade. 

Também devem ser selecionadas fêmeas geradas no início da estação de nascimento, completando 14 meses em novembro e dezembro, além daquelas com maior peso corporal na desmama.

Essa etapa considera ainda o objetivo de peso de, pelo menos, 260 kg no início da estação de reprodução”, pontua Nogueira. Além disso, animais com aprumos defeituosos, garupa angulada e chanfro devem ser descartados, a fim de não comprometer o desempenho do protocolo.

2 - Manejo alimentar até a primeira estação reprodutiva

O nutricionista da Embrapa Gado de Corte (MS) Rodrigo Gomes salienta que o manejo alimentar das novilhas depende dos cuidados com a pastagem e a suplementação. 

Para a pastagem ele recomenda definir a área três meses antes da desmama e optar por gramíneas como os capins marandu, piatã, coastcross e tifton. “Se possível, escolher uma área com solo bom em fertilidade, aplicando adubação nitrogenada ao final da estação das chuvas”. 

O diferimento deve durar de 60 a 90 dias, geralmente entre fevereiro e março.

Na suplementação alimentar, Gomes apresenta fórmulas de rações e considera três classes de animais com peso na desmama e respectivos ganhos de peso para atingir o objetivo de peso no início da primeira estação reprodutiva.

Tabela

Descrição gerada automaticamente

3 - Manejo reprodutivo na primeira estação de monta

A pesquisa também aponta soluções comuns para monta natural ou IATF. A primeira delas é pré-sincronizar (presinc) as fêmeas, utilizando progesterona injetável, dispositivos intravaginais liberadores de progesterona (1g), usados previamente, ou suplementação oral com acetato de melengestrol (MGA). 

Outra recomendação é vacinar contra doenças da esfera reprodutiva antes da estação de monta, sem esquecer a dose de reforço.

Na sequência, é preciso selecionar reprodutores que produzem bezerros mais leves ao nascimento. A estação de reprodução deve ser programada para que os nascimentos ocorram entre setembro e outubro. Isso é adotado para evitar grande perda de condição corporal das fêmeas até a estação de monta seguinte.

Entre as indicações diferentes, na monta natural, por exemplo, a estação de monta deve ser curta, 60 a 90 dias, entre novembro e fevereiro, e o uso de touros mais novos e leves, de 2ª estação de monta, com peso corporal próximo de 600 kg e avaliados para baixo peso ao nascimento.

O que disseram os experimentos?

Entre 2020 e 2023, os pesquisadores avaliaram dois rebanhos da raça Nelore nas dependências da Embrapa Gado de Corte. O primeiro é composto por animais puro por origem (Nelore PO) e outro sem registro por associação de raça. As fêmeas foram submetidas a duas inseminações, sem repasse com touro.

Após passarem por todo o Protocolo Embrapa +Precoce P14 - nutrição, reprodução, genética e sanidade - as taxas de prenhez finais variaram de 51,6% a 65,8% ao final da estação reprodutiva que, segundo os produtores, ficaram dentro das metas propostas pelo novo protocolo.

O P14 também foi levado a fazendas comerciais em Mato Grosso do Sul, produtoras de animais com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP). Entre os resultados obtidos, destacou-se o peso na desmama de bezerros machos e fêmeas, filhos de primíparas, nas categorias precoce e convencional. 

Com 210 dias, estes animais tiveram peso na desmama de 163,6 kg e 173,1 kg, fêmeas e machos, respectivamente. Enquanto os das primíparas convencionais foram de 159,9 kg e 172,1 kg.

As taxas de prenhez e perdas gestacionais foram acompanhadas em quatro estações de monta consecutivas em duas propriedades rurais. Os estudos constataram que a média de prenhez nas duas IATFs foi superior a 40%, com resultado de 58,1%. As perdas foram, ao redor, de 7,6%.

Diante desses resultados, o Protocolo Embrapa +Precoce P14 foi desenvolvido para orientar as melhores práticas de nutrição, reprodução, melhoramento genético e saúde animal disponíveis, com possibilidade de aplicação em rebanhos para corte, aumentando a taxa de prenhez precoce e gerando maiores valores para pecuaristas.

Você realiza cruzamentos direcionados de bovinos? Então conheça a ferramenta desenvolvida pela Embrapa que direciona os cruzamentos entre os touros e matrizes

Frutas em família: descubra tudo sobre a banana

Article-Frutas em família: descubra tudo sobre a banana

shutterstock_2273849173.jpg

Originaria da Ásia, a banana é cultivada há mais ou até muito mais de 4 mil anos, uma vez que alguns historiadores dizem ser a primeira fruta da Terra!

É a fruta mais consumida do Brasil e só perde para o tomate (que nem consideramos fruta, né?) em algumas partes do mundo.

Seu sucesso se deve principalmente ao sabor inigualável, suave e doce e claro à praticidade de consumo, pois sua “embalagem” perfeita é pronta para consumo a qualquer momento. Falando nisso, sua casca ainda pode ser reaproveitada na preparação de bolos, doces e pães. Cada banana pesa, em média, 125g, com uma composição de 75% de água e 25% de matéria seca. Bananas são fonte nutritivas de vitamina A, vitamina C, fibras e potássio.

Quais são os benefícios da Banana?

  • Reduz pressão arterial;
  • Rica em nutrientes;
  • Reduz o estresse;
  • Auxilia o tratamento da diarreia;
  • Melhora a saúde do coração;
  • Previne o crescimento de células cancerígenas;
  • Ajuda na diabetes;
  • Previne câimbras.

Bananas em "família"

As bananas formam-se em cachos na parte superior dos "pseudocaules" que nascem de um verdadeiro caule subterrâneo. Depois da maturação e colheita do cacho de bananas, o pseudocaule morre (ou é cortado), dando origem, posteriormente, a um novo, como nos conta a produtora Adriana Rosso, de Criciúma, Santa Catarina. “Toda vez que a gente colhe um cacho de bananas, a gente corta o pé, mas ali na touceira já está crescendo a família, então logo vem uma filha produzindo banana também. Elas vivem em família, juntinhas eu acho lindo ver a plantação de bananas, e como vai se formando! Temos bananais de mais de 40 anos! Nossa família toda trabalha com banana e é maravilhoso, todos vivemos dela. O bacana também é que ela tem uma produção muito rápida com 1 ano e 8 meses já temos produção!”

Com certeza essa fruta é tudo de bom, como não amar?

Gostou desse material? Aproveite para ler o último conteúdo da série "Pé de Quê?", e saiba mais sobre o Pequi!

Andressa Biata é pecuarista, empresária rural e embaixadora digital da Agrishow. Publicitária de formação, trocou a vida na cidade pela diversidade do campo, compartilhando sua jornada nas redes sociais. Nos quadros “Pé de Quê?” e “Pecuária de Raça”, Andressa explora a origem e os potenciais da agropecuária nacional, valorizando a atuação de mulheres no impulsionamento do agronegócio no país. Instagram: @abiata

Fonte: CNN Brasil, Wikipedia e Brasil Escola

Os colunistas do Agrishow Digital são livres pra expressarem suas opiniões e estas não necessariamente refletem o pensamento do canal.

Espanhol/Panamá | Actualidad Agropecuaria - Novembro 2023

Article-Espanhol/Panamá | Actualidad Agropecuaria - Novembro 2023

shutterstock_2278424367.jpg

Na nova edição da Actualidad Agropecuaria, saiba mais detalhes sobre a evolução dos sistemas de lavoura na produção de milho para silagem, além disso, aproveite para conferir: 

  • Benefícios da utilização de fitases na nutrição de monogástricos; 
  • Processos industriais e ambientes: podem ser compatíveis?. 

Clique aqui e acesse a edição completa: Actualidad Agropecuaria - Novembro 2023

Cultivo de arroz dueto: mais resistente às variações de temperatura

Article-Cultivo de arroz dueto: mais resistente às variações de temperatura

Cultivo de arroz dueto mais resistente às variações de temperatura.jpg

A preocupação com as questões climáticas e consequente o aumento da frequência de temperaturas extremas está gerando muita preocupação entre produtores de arroz. Diante disso, pesquisadores da EPAGRI e da Embrapa realizaram pesquisas relacionadas à possibilidade de cultivo de Arroz Dueto.

Iniciados em 2008, os estudos na área de tolerância de uma nova cultivar de arroz ao frio na fase reprodutiva resultaram no novo cultivar de arroz SCSBRS126 Dueto, oriundo do cruzamento entre o cultivar IRGA 424 e a linhagem da Embrapa BRA040081 (BRS Pampa).

Confira detalhes sobre o cultivo de arroz dueto e entenda por que ele é ideal para regiões onde as variações de temperatura são maiores.

Cultivo de arroz dueto: solução estratégica para produtores

Resultado de anos de pesquisa e já disponibilizada para produtores rurais do Brasil, a cultivar de arroz dueto, tecnicamente chamada de SCSBRS126 Dueto foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento de Arroz Irrigado da Epagri em parceria com a Embrapa. 

Para o Dr. José Manoel Colombari Filho, Pesquisador e Coordenador do Programa Nacional de Melhoramento de Arroz da Embrapa, o arroz dueto surge como uma solução estratégica para atender produtores de arroz em regiões do Brasil que sofrem perdas de produtividade por esterilidade de espiguetas (“grãos vazios”), devido ao estresse por frio ou calor na fase reprodutiva da cultura.

Essa é uma cultivar de ciclo de maturação tardia, aproximadamente 143 dias, e grãos de excelente qualidade industrial e culinária, sendo recomendada para sistemas de produção irrigado por inundação, nos estados de Goiás, Maranhão, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins”, complementa.

arroz dueto

Resultado de 15 anos de pesquisas

Resultado de 15 anos de pesquisa conjunta entre Embrapa e Epagri, o “arroz SCSBRS126 Dueto” tem esse nome em homenagem à colaboração frutífera entre as duas instituições de pesquisa, refletindo não apenas essa parceria, mas também a maior tolerância da cultivar a extremos de temperatura durante a fase reprodutiva.

Segundo Colombari, essa cultivar teve origem a partir do cruzamento entre as cultivares brasileiras BRS Pampa e IRGA 424, realizado em 2008 na Embrapa Arroz e Feijão.

Essa iniciativa atendeu especialmente as demandas de produtores do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, que contou com o apoio não apenas da Epagri, mas também de outros parceiros, incluindo a Embrapa”, destaca.

Dessa forma, a SCSBRS Dueto compõe o portfólio da Embrapa e da Epagri como cultivar resiliente a extremos de temperatura, a fim de garantir maior rentabilidade e segurança ao produtor.

Principais destaques do arroz SCSBRS126 Dueto

O pesquisador da Embrapa reforça que o lançamento da "SCSBRS126 Dueto" ganha importância ao oferecer uma opção mais rentável e segura para os produtores. “Essa cultivar está totalmente alinhada com as preocupações da Embrapa e Epagri sobre as mudanças climáticas e o crescente aumento de extremos de temperatura”.

Diante disso, alguns são os pontos que se destacam no cultivo de arroz dueto:

  • Ciclo tardio (142 a 144 dias);
  • Excelente perfilhamento, porém, apresenta colmo fino, além de ser médio suscetível ao acamamento;
  • Excelente produtividade, desde que a lavoura receba nutrição adequada e equilibrada;
  • Menores índices de esterilidade sob estresse de temperatura (baixa e alta) na fase de formação dos grãos de pólen (microsporogênese) e floração (antese);
  • Boa qualidade de grãos;
  • Boa aparência e qualidade sensorial para arroz branco;
  • Cultivar adequada à parboilização (pré-cozimento, mediante a imersão do arroz (em casca) em água aquecida numa autoclave).

Quanto à seletividade do cultivar SCSBRS126 Dueto aos principais tratamentos herbicidas utilizados em arroz irrigado, em sistema pré-germinado, comparativamente aos cultivares SCS116 Satoru, SCS121 CL, SCS122 Miura e SCS125, o novo cultivar “dueto” apresenta boa seletividade aos herbicidas mais comumente utilizados em sistema pré-germinado, caso do florpirauxifen-benzil, penoxsulam, carfentrazona-etílica, aplicados em pós-emergência.

Apresenta também boa seletividade para a aplicação em pré-emergência de clomazone na dose recomendada e sem o uso de protetor de sementes, em sistema pré-germinado (estádio S3), em área com solo bem nivelado, nas semeaduras de agosto e outubro.

Assim, de forma geral, o arroz dueto foi desenvolvido para atender às regiões que sofrem perdas de produtividade por esterilidade de espiguetas, devido ao estresse por frio e calor. 

Confira este artigo da Agrishow Digital e entenda os benefícios e as principais características do cultivo de arroz

Etanol de milho cresce e contribui com o recorde de produção dos biocombustíveis

Article-Etanol de milho cresce e contribui com o recorde de produção dos biocombustíveis

Etanol de milho cresce e contribui com o recorde de produção dos biocombustíveis.jpg

Diante dos atuais desafios climáticos, a transição da matriz energética é quase que uma necessidade. Neste contexto, o etanol de milho se apresenta como uma das melhores rotas tecnológicas para a construção da nova era da mobilidade sustentável.

Com uma produção anual de 30 bilhões de litros, o Brasil tem a expectativa de elevar sua produção para 50 bilhões de litros anuais de etanol até o final desta década. Para alcançar esse patamar, o etanol de milho vem tendo uma participação relevante.

Há cerca de 5 anos atrás, a participação do etanol de milho na produção de biocombustíveis era zero. Hoje, essa participação é de quase um quinto de toda a produção de biocombustíveis nesta temporada.

Produção majoritariamente da cana, mas com crescimento da participação do milho

No Brasil, os biocombustíveis estão no centro do debate sobre mudanças climáticas. Eles são apontados como alternativas sustentáveis à matriz energética dos combustíveis fósseis, altamente poluentes.  

De forma majoritária, a produção do etanol no Brasil é oriunda da cana-de-açúcar. Porém, diante da proibição do plantio de cana na Amazônia, o agronegócio volta suas atenções para o etanol à base de milho. 

Para a safra 2023/24 são estimados seis bilhões de litros de etanol de milho produzidos, o que representa 19% de todo o etanol consumido no Brasil, segundo dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). 

Para se ter uma ideia, a produção do etanol à base de milho nos últimos cinco anos aumentou em 800% no país, passando de cerca de 520 milhões de litros, na safra 2017/18, para 6,09 bilhões na safra 2022/23, de acordo com dados da UNEM. 

Além disso, com o aumento da produção de milho de segunda safra em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, várias novas usinas estão sendo abertas ou estão em construção no Cerrado.

etanol de milho

Parte da expansão dos biocombustíveis no Brasil vem do milho

Como você acompanhou anteriormente, o milho vem rapidamente ganhando espaço na produção de etanol no Brasil. Hoje, estamos atrás apenas dos EUA entre os produtores globais de biocombustíveis.

Hoje, a participação do etanol de milho é de quase 1/5 de toda a produção nacional. Dados da consultoria Datagro destacam que até 2033, essa participação pode chegar a um terço do suprimento total.

Por outro lado, as usinas-de-cana-de-açúcar estão vendo suas margens sendo reduzidas na produção de etanol. 

Para termos uma ideia, o custo de produção de etanol de milho foi 16% mais baixo em comparação com a produção deste biocombustível a partir da cana-de-açúcar nos últimos dois anos.

O aumento na produção do milho no Brasil está permitindo maiores lucros com o etanol, já que as vendas de subprodutos como ração animal cobrem, em grande parte, o custo de produção do grão.

Estes são dados que comprovam que a expansão dos biocombustíveis no Brasil tende a vir predominantemente da expansão da produção do milho.

Etanol de milho auxilia a sustentabilidade ambiental

No Brasil, além de estar se tornando economicamente viável, a produção do etanol de milho se diferencia da cana-de-açúcar pela utilização do milho de segunda safra. 

O grão é cultivado após a produção, principalmente, de soja, ou seja, não há qualquer tipo de competição entre biocombustíveis e alimentos e, sim, um processo de soma.

Neste contexto, vale destacar que o Brasil é o terceiro maior produtor de milho no mundo, com mais de 150 milhões de toneladas. Mato Grosso, principal estado produtor de etanol de milho, é responsável por mais de 50 milhões de toneladas desse volume. 

Contudo, menos de 10% é destinada à fabricação do biocombustível, aumentando a segurança alimentar e contribuindo com a sustentabilidade.

Alguns são os obstáculos enfrentados pelo etanol de milho

 De fato, o etanol de milho terá grande relevância para atender a demanda nacional por esse tipo de combustível. No entanto, a produção de etanol a partir deste grão também enfrenta alguns obstáculos importantes.

As usinas que utilizam este grão dependem principalmente da biomassa de retalhos de madeira como fonte de energia. Porém, os suprimentos de madeira estão diminuindo no Brasil, principalmente devido ao crescimento da produção de celulose e papel.

Isso pode significar um menor incentivo para expandir o suprimento de etanol de milho além do que está planejado. Mas é consenso entre especialistas que o etanol de milho terá mais alguns anos de expansão.

Ou seja, a expectativa de o etanol de milho conquistar uma maior parcela do mercado de etanol, aumentando a segurança energética e ajudando o Brasil a atingir suas metas. 

Aproveite para ler este artigo e entender como o etanol de milho é produzido e quais são as suas vantagens principais

O Agro Mata

Article-O Agro Mata

shutterstock_2328625639.jpg

“O Agro mata, sim.
O Agro mata a fome de mais de um bilhão de pessoas.
O Agro mata o desemprego, porque emprega mais de 28 milhões de brasileiros – pesquisa recente, saiu agora, fresquinha, em agosto de 2023.
O Agro mata de inveja a concorrência internacional.
O Agro mata de desgosto.
Isso, mata de desgosto pequenos e médios produtores rurais que são atrelados a crimes ambientais que não são praticados por eles.
Muito pelo contrário, eles preservam – coisa que, às vezes, a gente na cidade não faz.
O Agro só não mata uma coisa: a ignorância de quem desconhece o setor.
Ainda, porque a gente já está caminhando para isso.
O Agro vai matar essa ignorância.”

O texto acima é fruto de um vídeo que postei no meu Instagram e teve mais de 2 milhões de visualizações, 129 mil curtidas, 33 mil compartilhamentos, 3,4 mil comentários e 2,8 mil salvamentos.

E o que tornou essa comunicação tão atrativa, além de todas as verdades que ela carrega? O fato de possuir uma afirmação negativa (“O Agro mata”) totalmente ressignificada. Esta é a grande virada de chave que venho tentando transmitir há anos nas palestras que ministro sobre comunicação no Agro, bem como nos artigos que publico aqui no Agrishow Digital, que é a arte de responder ofensas feitas ao setor por meio de conteúdo educacional e com inteligência emocional, evitando revides grosseiros que só geram animosidades.

E como ter controle emocional diante de tantos absurdos e mitos que propagam sobre o setor? Muito simples: basta ressignificar, ou seja, dar um novo significado a cada afirmação negativa. Sigamos com outro exemplo de vídeo intitulado “O Agro é ogro – Ressignifique”, com milhares de visualizações. Antes, porém, de falarmos sobre o poder de ressignificar expressões que têm por objetivo destruir a imagem do nosso Agro, vamos entender como surgiu a palavra “ogronegócio”.

O termo foi dito pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao se referir ao setor durante uma explanação na Comissão do Meio Ambiente do Senado, em Brasília, em agosto de 2023. Como já era de se esperar, produtores rurais, representantes do setor e parlamentares ficaram indignados com a tratativa desrespeitosa ao segmento que, no fim das contas, representa e sustenta a economia brasileira.

A senadora Tereza Cristina respondeu à altura à ministra Marina Silva, com as seguintes palavras: “O agronegócio brasileiro não é ogronegócio. O agronegócio brasileiro, e a senhora sabe bem, ele hoje é baseado e lastreado em tecnologia, na ciência. A senhora mencionou a Embrapa. A Embrapa tem feito um trabalho fenomenal. Acho até que o serviço florestal brasileiro devia ser um pedaço da nossa Embrapa, para que pudesse realmente trabalhar com mais ciência. Agora, a senhora que tem tantos contatos no exterior, ao referir-se ao setor como ogronegócio, não estaria inadvertidamente favorecendo nossos concorrentes lá fora?” – questionou.

A senadora Tereza Cristina se posicionou de forma categórica; porém, extremamente educada, o que merece a nossa admiração. Entretanto, vou além, pois a questão é que, em vez de nos ofendermos, podemos ressignificar e ainda dizer que temos orgulho de ser “ogronegócio”, mostrando a real imagem do Agro com uma pitada de bom humor, conforme veremos abaixo num trecho do texto do vídeo “O Agro é ogro – Ressignifique”.

“Eu vou provar aqui, por A mais B, que o Agro é ogro com muito orgulho. Vê se você acompanha o meu raciocínio. Quem é o ogro mais simpático do planeta? Shrek. Shrek era o vilão do vilarejo. Era discriminado e no fim da história o herói tal qual o agronegócio, apontado como vilão, discriminado e, no fim das contas, é o herói da economia brasileira.”

Viu só? É assim que devemos começar a reagir e trabalhar a nossa comunicação, que, além de não ser violenta e trazer uma boa dose de bom humor, ainda enaltece o nosso setor.

E parafraseando o título deste artigo, o Agro precisa matar só mais uma coisinha: a sua timidez para você pegar o seu telefone celular e começar a propagar as coisas boas que você faz no campo, lançando mão de um farto conteúdo educacional e, claro, muito controle emocional para não se deixar levar pelas provocações gratuitas.

Os colunistas do Agrishow Digital são livres pra expressarem suas opiniões e estas não necessariamente refletem o pensamento do canal.

Lilian Dias é comunicadora Agro, jornalista especializada no setor e geriu a redação das duas maiores emissoras de televisão do agronegócio brasileiro. Possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas, práticas de liderança e marketing. É autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio".

Site: www.novoagro.com.br e www.liliandias.com.br Instagram: @novoagrotv e @liliandias.agro Youtube: https://www.youtube.com/novoagrotv e https://www.youtube.com/liliandias E-mail: novoagro@novoagro.com.br e contato@liliandias.com.br

Confira dicas para minimizar o estresse térmico em bovinos

Article-Confira dicas para minimizar o estresse térmico em bovinos

Confira dicas para minimizar o estresse térmico em bovinos.jpg

Depois de três grandes ondas de calor enfrentadas apenas no segundo semestre, boa parte do Brasil está passando por uma nova onda de calor com recordes históricos. Em muitas regiões do país, a temperatura ficará entre 10ºC e 15ºC acima das médias históricas.

Além de afetar a saúde humana, as temperaturas elevadas podem influenciar diretamente no desempenho dos bovinos, impactando desde o peso dos animais até a eficiência reprodutiva dos rebanhos.

Para evitar essas perdas e garantir a máxima performance produtiva dos bovinos, cabe aos pecuaristas conhecerem os efeitos do estresse térmico e adotar medidas para mitigar os impactos do intenso calor sobre o sistema de produção.

Todas as raças bovinas estão sujeitas ao calor extremo

A chegada de mais uma onda de calor extremo exige muitos cuidados adicionais na pecuária para evitar perdas de produtividade e, em casos extremos, até de animais. 

Segundo o gerente de Produtos & Trade da Biogénesis Bagó, Caio Borges, os impactos das altas temperaturas variam de acordo com a categoria e origem dos animais, levando em consideração a zona de conforto térmico e os limites máximos e mínimos de temperatura que os animais suportam.

Estudos mostram que para bovinos recém-nascidos, a temperatura mínima crítica é de 10ºC, com o conforto térmico entre 18 e 21ºC, e o limite máximo é de 26ºC. Nos bovinos europeus, a temperatura mínima é de -10ºC, conforto térmico entre -1 e 16ºC, sendo a temperatura máxima de 27ºC. Já nos bovinos indianos, o limite mínimo é de 0ºC, o conforto térmico entre 10 e 27ºC e a temperatura máxima suportada de 35ºC”, resume Borges.

Ou seja, mesmo animais zebuínos, conhecidos pela maior rusticidade, estão suscetíveis aos efeitos das altas temperaturas.

Para entender estes efeitos, basta comparar com o calor que afeta as pessoas. Nós não conseguimos viver e se alimentar bem no calor. Com os animais é a mesma coisa.

A primeira ação que o animal sente quando está passando por uma onda de estresse térmico é parar de se alimentar corretamente. Isso reduz seu ganho de peso e compromete a produtividade.

Efeitos do estresse térmico em bovinos

Na atividade pecuária, a influência do calor tem uma relação direta com bem-estar animal e sua produtividade.

As elevadas temperaturas somadas à falta ou ao excesso de chuvas podem prejudicar as pastagens. Mas, segundo Caio Borges, os bovinos sofrem muito também, principalmente com efeitos sobre seu metabolismo e comportamento.

O gerente da Biogénesis Bagó comenta que, quando são submetidos a temperaturas elevadas que ultrapassam o índice considerado suportável, os animais ficam sujeitos à hipertermia, exigindo processos termorreguladores de perda de calor para o retorno da temperatura corporal normal (homeostase). 

Quando os limites toleráveis são ultrapassados, alguns impactos são gerados no desempenho e na saúde do animal, como redução da imunidade, diminuição da produção de leite, perdas reprodutivas, aumento da incidência de acidose ruminal e queda no consumo de matéria seca”, destaca. 

A resposta do animal ao estresse é determinada pela intensidade e duração da exposição ao estressor, podendo gerar respostas adaptativas comportamentais, como: 

  • Redução de atividade nas horas mais quentes do dia; 
  • Intensificação do pastejo durante a noite; 
  • Busca por sombra e/ou imersão em água durante o dia;
  • Respostas fisiológicas como aumento da frequência respiratória; 
  • Redução no metabolismo energético; e 
  • Respostas imunológicas que levam à redução da imunidade do animal.

Neste cenário, Caio Borges explica que os bovinos param de produzir (carne e leite) na tentativa de adaptação ao estresse térmico. 

Os nutrientes ingeridos por meio da dieta que seriam encaminhados ao crescimento e desenvolvimento do animal precisam ser redirecionados para a manutenção do equilíbrio térmico na tentativa de amenizar os impactos gerados pelo estresse”.

Dicas para minimizar o estresse térmico em bovinos

Para manter o bem-estar do gado nessa época de calor, Borges ressalta que algumas ações devem ser realizadas, visando principalmente o bem-estar dos animais e a redução nos impactos produtivos nas fazendas.

É muito importante fornecer área de sombra, garantir a ventilação adequada, dar acesso a água limpa e em volumes suficientes. Também é necessário ajustar as práticas de alimentação para incentivar os animais ao consumo durante os períodos mais frescos do dia”, reitera Borges.

O manejo no pasto ou curral também deve ser adaptado. Borges aconselha que, caso necessário, ele ocorra em horários de temperaturas mais frescas do dia.

Na alimentação, Borges orienta o uso de vitaminas e microminerais em quantidade e qualidade adequadas para que o organismo animal tenha maior poder de combate e redução dos efeitos negativos gerados pelo estresse térmico.

Temos uma solução que fornece ao animal uma suplementação adequada de minerais e vitaminas para que o organismo tenha maior poder de combate aos danos gerados pelo estresse térmico e um maior potencial de adaptação aos desafios, amenizando assim os impactos produtivos gerados na fazenda”, orienta o médico-veterinário.

Já para o transporte, a orientação é que o motorista responsável pela viagem, ao aguardar o momento do embarque, deixe o veículo em local arejado, seja na sombra ou no barracão para que o veículo não fique exposto às altas temperaturas.

Por fim, vale destacar que a água é o elemento chave para o manejo de bovinos nos dias de calor intenso. Por isso, a recomendação é oferecer água limpa e fresca aos animais. Vale lembrar que animal que não bebe água não come e não desempenha bem!

Aproveite para conferir nosso artigo e entender quais são os efeitos das ondas de calor sobre a agricultura