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Conheça o robô que ajuda suinocultores a aumentar a eficiência de suas granjas

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A suinocultura brasileira se posiciona hoje como uma das cadeias produtivas mais avançadas do mundo. Na atualidade, ocupamos a quarta colocação mundial, com 4,9 milhões de toneladas produzidas em 2022 (ABPA).

Apesar dessa excelente posição, suinocultores brasileiros ainda enfrentam desafios. Temos dificuldades na busca por uma mão de obra mais qualificada e ainda precisamos alcançar maior eficiência produtiva.

E é com o objetivo de contribuir com este cenário que a startup gaúcha Roboagro recentemente apresentou robôs que estão contribuindo com o ganho de eficiência dos processos.

Para entender melhor sobre os desafios da suinocultura brasileira e as vantagens do uso de robôs na suinocultura de precisão, conversamos com Giovani Molin, CEO da Roboagro. Confira!

Suinocultura brasileira: produtiva, mas com desafios

Pelo terceiro ano consecutivo, a suinocultura brasileira alcançou seu recorde de produção. Dados da ABPA indicam que durante todo o ano de 2022 foram produzidas 4,9 milhões de toneladas de carne suína e com grandes perspectivas de crescimento.

No entanto, mesmo diante das ótimas projeções, nossa suinocultura enfrenta desafios. Para Giovani Molin o principal desafio da suinocultura atual é garantir a máxima eficiência da produção. 

O custo com ração representa quase 80% da produção. A carne suína é uma commodity e os insumos para sua produção (milho e soja) também são commodities. Isso tudo torna tudo muito caro!”, salienta.

Fazer essa transformação com eficiência é, para Molin, o que garante a competitividade e a lucratividade dos suinocultores. 

O desafio é garantir essa eficiência considerando todas as demais exigências do setor, caso do bem-estar animal, falta de mão de obra, aumento das exigências dos consumidores, uniformidade/padrão de produção em granjas cada vez maiores e muitos outros...”. 

suinocultura

Mas como garantir a máxima eficiência da suinocultura? 

Os desafios são colocados à prova por todo suinocultor. Cabe aos suinocultores adotar medidas e soluções para aumentar a eficiência da suinocultura.

Para o CEO da Roboagro, o investimento em tecnologia é o melhor caminho. “Precisamos adotar tecnologias que aliviem os braços do produtor, mas que gerem resultados zootécnicos e financeiros”. 

Molin indica ainda que os comedouros à vontade, existentes no mundo inteiro, estão com os dias contados. “Precisamos entregar para cada animal a quantidade que eles podem performar, garantindo os melhores resultados”. 

Por sorte, a suinocultura está passando por uma transformação, especialmente com a suinocultura de precisão. Giovani Molin faz uma analogia bastante interessante para explicar essa transformação.

Antes tínhamos o “buffet livre”, mas diante do aumento dos insumos estamos indo cada vez mais para um modelo “a la carte”, ou seja, consideramos a demanda de cada indivíduo”. 

Mas como conseguir criar suínos de uma forma mais eficiente, efetiva, econômica e produtiva? Para Molin, a adoção de robôs é a melhor opção!

No lugar de humanos, usam-se robôs

Em muitas atividades, os robôs já têm papel fundamental. O uso deles garante a segurança alimentar de forma competitiva para toda a população mundial. Recentemente eles chegaram aos suínos.

Parte importante da suinocultura de precisão, suinocultores contam a partir de agora com mais um aliado para elevar a qualidade e produtividade nas granjas: os robôs.

A alimentação representa quase 80% dos custos da produção da suinocultura. Consequentemente, fazer a entrega correta “a la carte” conforme a demanda e o potencial dos animais é o grande benefício proporcionado pelos robôs.

Neste contexto, a Roboagro passa a oferecer uma solução completa de suinocultura de precisão. Essa solução engloba o robô móvel alimentador de animais, multitarefas, capaz de identificar a performance, o comportamento e o bem-estar dos animais, por meio de sensores e dispositivos.

Esse robô permite ainda entregar dois ou mais tipos de rações e medicamentos, de acordo com a quantidade e nutrientes necessários em cada baia. 

Tudo isso gerenciado em tempo real pela plataforma da Roboagro, com capacidade e inteligência artificial para identificar e agir de forma precoce, propondo adição de vitaminas, suplementos e manejos”, orienta Molin.

Robôs alimentam suínos de acordo com a demanda!

Na suinocultura, mesmo com todos os animais entrando na granja no mesmo dia e saindo no mesmo dia, vemos uma diferença muitas vezes de até 60% de variação de peso entre os mais pesados se comparado com os mais leves. 

Nesse sentido, há a necessidade de ajustar a nutrição conforme cada demanda. Para isso, Molin ressalta que o Roboagro dispõe de câmeras que monitoram o peso, performance, comportamento e bem-estar dos animais durante o trato, que ocorre de 4 a 5 vezes por dia.

O robô percorre toda a extensão da granja e entrega em cada baia a quantidade exata de ração que os animais precisam. Dessa forma, com a nutrição de precisão é possível economizar até R$60,00 por animal produzido se comparado ao sistema padrão de comedouro à vontade”. 

Giovani Molin explica que este robô tem sido muito utilizado nas fases de crescimento e terminação de suínos, bem como nas fases de gestação e maternidade. 

Cada fase tem a sua demanda específica e o robô aplica no dia a dia as melhores práticas definidas pelas áreas técnicas das agroindústrias. Nosso robô também garante a aplicação da suinocultura de precisão sem a presença do produtor no dia a dia da granja”. 

Com isso, o produtor passa a ser o gestor da granja e não mais o tratador. 

Benefícios do uso de robôs na suinocultura

Sem dúvidas, o principal benefício do robô são os resultados financeiros e zootécnicos gerados por ele. 

Mas, eles são essenciais também para garantir uma melhor qualidade de vida para o produtor e o bem-estar para os animais. “O fato dele percorrer toda a extensão da granja entregando em cada baia a quantidade exata de ração, nutrientes, água e medicamentos de forma específica, pontual, garante os melhores resultados”, complementa Molin.

O CEO da Roboagro indica também que a suinocultura de precisão proporciona os mesmos benefícios que vimos acontecer na agricultura de precisão. 

Molin explica que na agricultura, costumávamos tratar uma área como um todo, atualmente estamos tratando cada talhão, cada planta como se fosse única. Este movimento vem sendo trazido para a suinocultura.

Com o advento dos robôs, tratamos cada baia e cada animal como se fossem únicos, atendendo as demandas específicas e aproveitando todo o potencial genético do animal para garantir os melhores índices de conversão alimentar, GPD (ganho de peso diário) e redução de mortalidade”. 

Por consequência há a redução de custos e do impacto ambiental da atividade.

Mudança estrutural da suinocultura brasileira

A revolução promovida pelos robôs na suinocultura tem tudo para provocar uma mudança estrutural do setor. 

Com a inovação estão surgindo muitos acessórios/implementos acoplados aos robôs em geral. “Esses implementos proporcionam a aplicação dos melhores conceitos científicos no dia a dia das granjas”, acrescenta Molin. 

O CEO da Roboagro acrescenta ainda que a ciência tem um conhecimento muito grande do que seria ideal para aplicar aos animais. O grande desafio era aplicar/levar esses conceitos para o campo, para cada baia. Os robôs estão permitindo isso! 

A tecnologia está caminhando para um algoritmo muito rápido e com inteligência artificial que aplicará aos animais as melhores práticas de acordo com o momento econômico do setor, levando em consideração as demandas do setor bem como a realidade do custo dos insumos”, finaliza. 

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Agrorrastreabilidade: blockchain também é agro

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Engana-se quem pensa que blockchain, criptoativos e tokens estão apenas ligados ao mercado de bitcoins, investimentos e ramo financeiro. Com o avanço da agrorrastreabilidade, essa tecnologia está chegando ao campo e promete muitas melhorias.

Na atualidade, o blockchain é o grande alicerce da agrorrastreabilidade dos alimentos, permitindo transparência e segurança para toda a cadeia produtiva, além de agregar valor ao produto final.

Para entender o que é o blockchain e quais são todas as suas possibilidades dentro do segmento agro conversamos com Fabrício Orrigo, diretor de produtos de Agro da TOTVS.

Blockchain: do mercado financeiro para o agronegócio

Por definição, o termo Blockchain faz referência a uma tecnologia de registro de transações que permite a criação de um banco de dados onde as transações e informações são registradas em blocos agrupados que se conectam por meio de criptografia.

Cada vez mais comum dentro das transações financeiras, Fabrício Orrigo explica que essa é uma tecnologia que proporciona segurança, transparência e confiabilidade nas transações. 

Por meio do Blockchain são eliminados os intermediários, possibilitando o rastreamento e a verificação de cada operação realizada”, complementa.

O diretor de produtos de Agro da TOTVS salienta ainda que essa é uma tecnologia que mitiga fraudes – sejam contratuais ou de produção –, consequentemente torna as operações seguras em sua totalidade, fato que pode ser de grande valor para o agronegócio. 

Sabemos que uma das maiores demandas do mercado atualmente é a possibilidade de rastreabilidade de toda a cadeia de suprimentos. Com uso de blockchain, é possível ter registros confiáveis de cada etapa - origem, processamento e até distribuição daquela produção”, ressalta Orrigo.

Além disso, cada vez mais, o cliente final na ponta da cadeia quer ter acesso às informações do produto que está consumindo. Com a rastreabilidade proporcionada pelo blockchain, a partir de QR Code o consumidor consegue visualizar toda essa jornada do produto.

Padrão de funcionamento dos sistemas de agrorrastreabilidade

De forma geral, o mercado já reconhece a importância dos dados como a base para a definição de uma estratégia mais eficaz dentro dos negócios, principalmente na área da economia.

No Agronegócio, que transaciona diariamente milhares de dados, isso com certeza não foge à regra. Os ERP vocacionados, por exemplo, são sistemas que registram e controlam todas as informações de uma operação agrícola, armazenando dados de produção, compra, estoque, incrementos agrícolas etc. 

Por meio destes dados, é possível acompanhar em tempo real as informações referentes à propriedade e à produção.

Em paralelo, há ainda aqueles dispositivos mais modernos, como IoT (Internet das Coisas), drones e outras tecnologias de rastreabilidade mais comuns no nosso dia a dia, como celulares e tablets.

Essas tecnologias são cada vez mais implementadas diretamente no campo e quando integradas a um sistema de gestão, atualizam automaticamente essas informações. 

Esse processo agrega mais agilidade e produtividade às empresas, além de aumentar ainda mais a confiabilidade de todos os processos produtivos”, garante Orrigo.

O diretor de Agro da TOTVS destaca também iniciativas de tokenização que estão ganhando o cenário nacional. “Alguns produtores rurais estão investindo neste tipo de tecnologia, que permite a negociação de ativos no âmbito digital correspondentes ao ativo físico”.

Benefícios do uso do blockchain nas operações do agronegócio

Tecnologias de agrorrastreabilidade e blockchain trazem inúmeros benefícios para o dia a dia dos agentes do agronegócio.

Além de trazer transparência a toda a jornada produtiva, gerando confiabilidade e governança das informações, Orrigo indica que a agrorrastreabilidade, apoiada pela tecnologia, também permite a adoção de estratégias mais efetivas para o agronegócio como um todo, com dados confiáveis e, principalmente, sempre atualizados.

Em um mercado cada vez mais competitivo, esse pode ser o diferencial de uma operação bem-sucedida”, complementa.

Assim, em resumo, os principais benefícios do Blockchain para o agronegócio se baseiam em:

  • Combate à burocracia na transferência, descentralizando a cadeia produtiva e viabilizando transações diretas, do tipo P2P (person to person, ou pessoa para pessoa);
  • Garante o rastreio da origem dos alimentos;
  • Combate às fraudes, especificamente com o auxílio dos chamados “contratos inteligentes”, que são documentos digitais que não podem ser adulterados;
  • Auxilia no registro completo da cadeia de suprimentos.

O diretor da TOTVS também destaca que a tecnologia de blockchain ou outras de agrorrastreabilidade são um importante suporte para a agenda ESG.

Essas tecnologias favorecem o pilar de Governança, uma vez que promove a transparência dos negócios e de toda a jornada de produção, quanto para o pilar Ambiental, rastreando e garantindo boas práticas em toda a jornada da produção”.

Próximos passos da agrorrastreabilidade no agronegócio

Não há como contestar, o agronegócio brasileiro é uma potência mundial. A cada ano, este setor se desenvolve mais e mais. E, para Fabrício Orrigo, a próxima grande evolução do segmento certamente passará pelos avanços em agrorrastreabilidade associada ao blockchain.

Investir neste tipo de tecnologia é fundamental para que os pequenos, médios e grandes produtores mantenham a sustentabilidade de seus negócios a longo prazo e tenham uma atuação correta, confiável e de sucesso”, garante.

Falando em tendências, Orrigo indica que o investimento em tecnologias que atuam antes e depois da porteira está crescendo de forma significativa. 

Nesse sentido, ele ressalta as soluções voltadas para a confiabilidade de informações agrícolas, gestão de risco e incremento da atuação digital. 

Esse é um caminho geral. E, acredito que o blockchain tenha tudo a ver com esses pontos, uma vez que permite mitigar riscos, tanto na jornada de produção quanto na negociação financeira”, finaliza.

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Qualidade da carne bovina: como garantir os parâmetros?

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Na atualidade, a qualidade da carne bovina é um fator de suma importância na decisão de compra da grande maioria dos consumidores. Para se enquadrar a este cenário, pecuaristas e frigoríficos investem cada vez mais em medidas que tornem este produto mais próximo da demanda do consumidor.

Para alcançar isso, o segmento considera os parâmetros intrínsecos - como raça, sexo, idade ao abate - e extrínsecos ao bovino - como nutrição, manejo e ambiente.

Para especialistas, estes parâmetros são determinantes na qualidade da carne, contribuindo com um melhor aroma, sabor e maciez do produto. Também consideram o processamento pós-abate, que influencia a conservação e segurança sanitária da carne bovina.

Para saber mais sobre os parâmetros relacionados à qualidade da carne bovina a Agrishow Digital conversou com Marcelo Coutinho, diretor executivo da Brazil Beef Quality (BBQ), Welder Baldassini e Luis Artur Chardulo, professores da FMVZ UNESP de Botucatu/SP.

Avaliação da carne bovina: métodos laboratoriais ou análises sensoriais

No Brasil, os principais aspectos a serem considerados pelo consumidor na compra de carne bovina no varejo são, por ordem de importância: 

  • Segurança alimentar (onde a origem e a marca do produto são fundamentais)
  • Tipo e tamanho de corte 
  • Coloração e 
  • Quantidade de gordura

Todos estes fatores se relacionam com a qualidade da carne bovina, que exige do setor muito cuidado e atenção. Neste contexto, Baldassini e Chardulo, da Unesp, explicam que a qualidade da carne bovina pode ser avaliada por métodos laboratoriais ou em análises sensoriais.

O primeiro é realizado em laboratório utilizando principalmente técnicas que avaliam características físico-químicas da carne como pH, força de cisalhamento (maciez instrumental), cor (luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de amarelo) e teor de gordura intramuscular. 

Há ainda os métodos laboratoriais mecânicos/objetivos. Eles utilizam instrumentos que visam simular a resistência do corte da carne durante a mastigação e, assim, avaliar a dureza da carne. 

O valor medido representa a força necessária para cortar um pedaço de carne perpendicular às fibras musculares. Essas medições podem ser feitas em carne cozida, usando uma lâmina Warner-Bratzler com espessura e tamanho definidos por protocolos internacionais”, ressaltam.

Diferentemente dos métodos laboratoriais, a análise sensorial depende de pessoas como avaliadores da qualidade da carne. 

Os professores da Unesp citam que existem dois tipos de avaliadores, treinado e não-treinado. “Os avaliadores treinados avaliam características específicas, método no qual alguns indivíduos (geralmente de 10 a 12) se comportam como “máquinas” determinando a intensidade de um atributo, como por exemplo, a maciez”. 

Na análise dos avaliadores não-treinados, por sua vez, as questões podem ser mais abrangentes, buscando impressões gerais da carne, como gostar ou não gostar do sabor ou da maciez da carne. 

Neste método, os consumidores pontuam as características de qualidade como maciez, sabor, suculência e satisfação geral, utilizando uma escala de 0 a 100 pontos”, explicam.  

Mas, independentemente do método ou técnica utilizado, os parâmetros mais importantes para aprovação da qualidade da carne bovina são aqueles relacionados à maciez, sabor e suculência.

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Fatores que afetam a qualidade das carnes

A obtenção de uma carne bovina de qualidade é o resultado de uma soma de fatores. Tais fatores podem ser divididos em fatores relacionados à produção na fazenda e aos processos industriais. 

Dos fatores de produção, Marcelo Coutinho destaca como fatores mais importantes: 

  • Genética (linhagens, raças e cruzamentos); 
  • Qualidade da alimentação (ex: níveis de energia na dieta);
  • Boas práticas de produção (protocolos sanitários, infraestrutura e redução de estresse). “Estratégias tomadas pelo produtor podem originar animais leves, magros e velhos; ou animais pesados, gordos e jovens”, complementa Coutinho. 

O diretor da BBQ salienta que tais fatores impactam no nível de marmoreio (quantidade de gordura intramuscular), na cor da carne e da gordura subcutânea, ossificação (maturidade fisiológica) e pH (importantes indicadores da maciez e sabor da carne). 

Coutinho salienta ainda que o animal recebido no frigorífico passará por processos industriais que são cruciais para a qualidade da carne como recebimento, descanso e abate humanitário. 

No frigorífico, a carcaça terá o uso ou não da estimulação elétrica, suspensão pélvica, resfriamento adequado, maturação e embalagem. “Qualquer falha em um destes processos pode comprometer a qualidade final do produto”, explica Coutinho. 

Como a qualidade da carne pode ser influenciada por uma gama de fatores post-mortem, estudos têm apontado benefícios da combinação de tecnologias como estimulação elétrica, suspensão pélvica e maturação visando melhorar a qualidade sensorial para consumidor, especialmente maciez. 

Essas tecnologias podem impactar positivamente outras características como sabor, suculência e satisfação geral da carne bovina”, conclui Coutinho.  

O pecuarista também tem sua parcela de responsabilidade

O rebanho brasileiro de bovinos de corte é constituído principalmente por zebuínos (Bos indicus), com predominância do genótipo Nelore. 

Muitas fazendas das regiões Sudeste e Centro-Oeste recriam esses animais a pasto, com subsequente terminação em confinamento, sistema no qual é comum a utilização de bovinos Nelore machos não castrados.

Por diversos fatores, principalmente econômicos e culturais, esse modelo biológico de produção abastece grande parte do mercado interno e de exportação”, salientam Baldassini e Chardulo.

Contudo, os professores da Unesp ressaltam que a carne desses animais é de qualidade limitada, principalmente no tocante a maciez, quando comparados a animais Bos taurus e cruzados, necessitando de maior tempo de maturação para melhorar tal característica.

Entretanto, considerando os custos de uma indústria frigorífica, tempos muito prolongados de maturação podem tornar o produto excessivamente caro e inviável.

Por isso, Baldassini indica a possibilidade de utilização de bovinos cruzados (Bos taurus x Bos indicus) terminados em confinamento e abatidos jovens. 

Essa é uma estratégia adotada para melhorar o desempenho produtivo e a qualidade de carne bovina, especialmente maciez, em menor espaço de tempo”. 

Adicionalmente, Coutinho nota uma crescente utilização de bovinos cruzados machos castrados e fêmeas, já que existem consumidores que estão dispostos a pagar mais por produtos cárneos com qualidade superior. 

Para abastecer suas próprias boutiques de carnes, algumas indústrias frigoríficas brasileiras remuneram melhor as carcaças provenientes desse tipo biológico (novilhas ou novilhos, confinados e abatidos jovens)”, complementa o diretor da BBQ.

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Dicas para melhorar a qualidade da carne bovina

Pelo tudo que você viu até aqui, tanto os pecuaristas quanto os frigoríficos têm sua parcela de importância dentro do sistema de produção e exercem um papel fundamental para garantir a qualidade da carne. 

Para isso, pecuaristas devem buscar animais com predisposição genética para bom desenvolvimento muscular, precocidade, docilidade (mais tolerante a fatores estressantes) e deposição de marmoreio. 

Também se recomenda adição de sangue taurino nos cruzamentos para melhorar a maciez da carne. 

Em relação à alimentação, os professores da Unesp recomendam o uso de dietas que possibilitem bons ganhos de peso em toda a fase de produção (cria, recria e engorda). 

Quanto ao manejo, preconiza-se que mantenha os animais em um ambiente tranquilo, evite o estresse excessivo e acometimento por enfermidades. “Atender às exigências dos consumidores atualmente é uma questão de sobrevivência na atividade”, salientam. 

No frigorífico, a tecnologia é uma grande aliada das empresas que pretendem manter ou até melhorar a qualidade da carne bovina recebida dos pecuaristas. A estimulação elétrica da carcaça, a suspensão pélvica e o manejo de câmara fria são essenciais neste sentido.

Dessa forma, os consumidores têm mais opções do que nunca e estão cada vez mais conscientes e exigentes em relação à carne bovina que consomem. 

As empresas estão entendendo este processo e estão construindo produtos direcionados a satisfazer as exigências dos consumidores.

Aproveite para conferir 4 tecnologias de pecuária de precisão que tornam a atividade ainda mais eficiente.

Entenda a importância da educação e da conscientização ambiental sobre o uso da abelha

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No último dia 20 de maio foi comemorado o dia Mundial da Abelha. Estes insetos voadores têm mais de 20 mil espécies distribuídas por todos os continentes (exceto Antártida). Possuem ainda grande importância para o agronegócio e o meio ambiente, atuando como polinizadores.

Nos últimos anos, a comemoração desta data ganhou relevância, pois muitas pessoas não reconhecem a extensão da importância das abelhas. Muitos acreditam que sua principal função é produzir mel, própolis e cera, mas, na realidade, elas são essenciais para a manutenção e desenvolvimento da biodiversidade.

Assim, com o objetivo de proteger as abelhas e o meio ambiente, há uma série de iniciativas de educação e consciência ambiental. 

Um exemplo é a Associação de Proteção às Abelhas “Bee or not to Be”, que possui várias atividades de educação ambiental, focadas na importância da abelha. 

Importância das abelhas: manutenção da biodiversidade via polinização

Não há como contestar, as abelhas têm papel imprescindível para a manutenção da biodiversidade na Terra. São mais de 20.000 espécies no mundo e 3.000 no Brasil, que são conhecidas como “as sentinelas da natureza”. 

Apesar de serem reconhecidas popularmente pela produção de mel, Daniel Gonçalves, vice-presidente da Bee or not to Be, explica que o trabalho da abelha é muito mais importante e está relacionado à atividade de polinização. 

As abelhas, ao buscarem alimento no néctar e no pólen das flores, também acabam transportando este pólen de flor em flor, promovendo a fecundação das flores e a perpetuação de mais de 85% das plantas de florestas, matas e áreas verdes”. 

Já para os sistemas produtivos, Gonçalves frisa que 70% de todas as culturas agrícolas dependem, em maior ou menor grau, da atividade de polinização. 

Para termos uma ideia, 1/3 de todos os alimentos que chegam aos lares do mundo voaram antes pelas asas das abelhas”, exemplifica.  

A produtividade e também a qualidade dos frutos e sementes de diversas culturas agrícolas dependem do volume e da uniformidade de flores polinizadas. Para Gonçalves, as abelhas, como maiores expoentes da atividade de polinização, exercem um papel bastante relevante no campo.

O consórcio entre a atividade de criação de abelhas e a atividade agrícola em projetos de polinização assistida tende a ganhar cada vez mais importância e consideração. Segundo a FAO, estima-se que o valor ecossistêmico dos serviços de polinização representam 10% do PIB agrícola”, salienta.

Assim, para o diretor da Bee or not to Be os sistemas produtivos devem considerar o manejo de polinizadores um elo imprescindível de sua cadeia produtiva. 

Diversas culturas agrícolas se beneficiam largamente da polinização como, por exemplo, o melão, a maçã, a laranja, o abacate, a canola, o café, o girassol, e até mesmo a soja”. 

Seja para ampliar o volume de frutos e sementes, a qualidade dos frutos e do produto final, ou agregar valor em práticas sustentáveis na fazenda, o produtor rural deve observar a polinização com a mesma importância com que gerencia a presença de nutrientes, sol, água e demais itens de sua cultura.  

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Educação e consciência ambiental: essenciais na atualidade

Na atualidade, há um pensamento bastante recorrente: “Só protegemos e cuidamos daquilo para o que atribuímos e reconhecemos valor”. 

No caso das abelhas e sua importância enquanto principais polinizadores da Natureza, este conhecimento atinge, segundo pesquisas, menos de ¼ da população no Brasil. 

Ainda temos uma grande lacuna de conhecimento a respeito do principal valor destes insetos, e a educação será sempre um vetor, por vezes lento, mas bastante eficiente, de correção deste desequilíbrio”, opina Gonçalves.

Neste contexto, o diretor da Bee or not to Be indica que vivemos um momento relevante da história humana, em que o uso acelerado de nossos recursos naturais e a necessidade de gerir modelos sustentáveis, atingem máxima importância. 

Segundo ele, os impactos relacionados às mudanças climáticas, escassez de recursos hídricos e de alimentos, redução de habitat e extinção de espécies, são, em verdade, efeitos de práticas aceleradas relacionadas ao desmatamento, poluição, geração de resíduos e consumo excessivo.

A educação e a consciência ambiental tem o poder de mudar hábitos, ditar novos valores em nossa sociedade, e transformar práticas que possam melhorar a situação de nosso planeta e a qualidade de vida para as pessoas”, cita. 

Papel da Bee or not to Be: ações de educação e consciência ambiental

Dentre as muitas ações de educação e consciência ambiental, a Bee or not to Be se destaca pela preservação da abelha.

Daniel Gonçalves indica que a ação de preservação das abelhas nasceu da iniciativa do Prof. Dr. Lionel Segui Gonçalves, professor e pesquisador aposentado da USP/RP, especialista em genética de abelhas. 

Em 2013, Lionel Segui lançou uma campanha permanente denominada “Sem Abelha, Sem Alimento”, que em 2017 se materializou na fundação da Associação de Proteção às Abelhas Bee or not to Be”. 

De lá para cá diversas atividades de educação ambiental vêm sendo desenvolvidas pela associação, sobretudo conscientizando os diversos públicos sobre a importância de preservarmos os nossos mais importantes polinizadores. 

Gonçalves destaca alguns projetos: 

1. Sem Abelha, Sem Alimento: Caderno de Atividades para Educação Ambiental

Considerando o protagonismo que as crianças podem assumir no futuro da sociedade, a ONG criou um projeto de Educação Ambiental para escolas.  

O “Sem Abelha, Sem Alimento: Caderno de Atividades para Educação Ambiental” é um conteúdo pedagógico cuidadosamente desenvolvido para despertar o interesse de crianças do Ensino Fundamental I pelas ciências da vida. 

O caderno didático, desenvolvido de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BASE), do MEC, foi concebido como um roteiro para ajudar professores e educadores a alfabetizar seus alunos em um tema tão importante quanto fascinante: as abelhas, suas atividades na natureza e sua relação com a produção de alimentos e a conservação do meio ambiente. 

2. Sem Abelha, Sem Alimento

Para Gonçalves, falar sobre as abelhas será sempre a melhor forma de conscientizar para sua importância. “Cidadãos conscientes podem se tornar agentes de mudança, apoiando com naturalidade formas de desenvolvimento cada vez mais justas e sustentáveis para o planeta”.

Neste sentido, a campanha permanente “Sem Abelha, Sem Alimento” traz uma série de informações sobre a importância das abelhas e como o cidadão comum pode agir para cuidar de nossos principais polinizadores, como por exemplo: 

  • Preferindo o consumo de produtos orgânicos, 
  • Promovendo o plantio de árvores e flores, 
  • Reduzindo o uso de pesticidas, 
  • Criação de abelhas nativas sem ferrão em casa

Gonçalves destaca, ainda, duas ações relevantes e de interesse ao cidadão conectadas a esta campanha. 

Recentemente lançamos o projeto BeeAiMuseum, um museu virtual construído com o uso de ferramentas de inteligência artificial, retratando as abelhas na expressão dos traços de grandes nomes da arte”. Este projeto ajuda a:

Estimular a cadeia produtiva agrícola a adotar Boas Práticas para Impulsionar a Polinização no Campo, a saber:

  • Conservar áreas naturais;
  • Recuperar a vegetação nativa utilizando plantas que atraem e mantêm os polinizadores;
  • Manter a vegetação nativa próxima à área de cultivo;
  • Manter plantas atrativas nas proximidades;
  • Manter e manejar as abelhas próximas às áreas de cultivo;
  • Manter a matéria orgânica no solo para a criação de ninhos;
  • Reduzir e, quando possível, eliminar o uso de agrotóxicos;
  • Não aplicar defensivos nos horários de visita dos polinizadores ao cultivo, geralmente pela manhã;
  • Criar um canal direto de contato com as associações de apicultores e meliponicultores de sua região, informando-os sobre atividades que impliquem riscos aos polinizadores.

Dessa forma, comemorar o Dia Mundial das Abelhas é uma atitude imprescindível nos dias atuais. Esses animais estão ameaçados por conta dos impactos negativos causados pela ação humana na natureza. 

Por isso, as ações realizadas com foco em educação e consciência ambiental devem alertar e mostrar que a preocupação com as abelhas deve ser constante.

Quer saber mais? Então aproveite para conferir algumas dicas para empreender na na produção de mel